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Marinha do Brasil, destemor e desmanche em desdita

Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior

Ainda outro dia foi o Dia do Marinheiro! "Somos todos defensores da bandeira, nos mastros da vitória a tremular!" Assim reza a canção da Escola Naval, a altivez não morre em nossos aspirantes. Há quem diga: nossa marinha de guerra já foi a terceira do mundo. Mas isso foi nos tempos do Império, período histórico em que se viveu em ambiente político de moralidade, probidade e, sobretudo, patriotismo sem par. As chamadas questões externas, envolvendo ameaças à integridade do país, pesavam com valor nos gabinetes conservadores e liberais que se revezavam no poder e nossa Força Naval era prestigiada na sua justa medida. Vitória… palavra mágica, sonharam, sonham e sonharão sempre com ela. Mas estão sendo enganados!

"Para a honra e pela glória dessa terra lutaremos com denodo varonil." Que ninguém duvide, desejam fazê-lo, porém só Deus sabe como. Um submarino atômico que já virou "estória para inglês ver", para daqui a quantos anos se precisamos dele para ontem? E não vai adiantar apenas um. É imperativa só para manutenção do manancial pré-sálico uma flotilha, que dirá para imposição da soberania nacional em 7.500 km de litoral. Nossos marinheiros não vão enfrentar armadas latino-americanas. Quem pensa assim ainda acredita em Papai Noel.

"Marinheiros, avante, vencer ou então morrer, o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever.". E o Porta-Aviões São Paulo? O carioca da gema sabe, ele vai sempre à praia: quantas vezes esse aeródromo já cruzou a barra para um simples, que seja, aquecimento de suas máquinas? Alguma vez você chegou a ver algum caça decolando daquela belonave? Pois fontes fidedignas estão a clamar que talvez não exista mais nenhum em condições de disponibilidade. Mas os cortes no orçamento pertinente não cessam. Atenção, politicalha descomprometida, quem faz economia em cima da defesa nacional não está cumprindo com o seu dever.

Governantes, parlamentares, enfim, responsáveis maiores pela segurança da nossa Pátria, parece que estou a ver o "São Paulo" servindo para exercício de tiro ao alvo assim como serviu o Cruzador Belgrano dos "hermanos" em 1982. Vencer… morrer, marinheiros, não há como escapar, fragilizados como estão vão morrer!

E agora, por favor, que não se levante mais aquela pusilanimidade eivada pelo cabotinismo de que não temos dinheiro. O painel nacional do "impostômetro" não deixa ninguém mentir, já se ultrapassou a cota de R$ 4 trilhões! Que quinta potência mundial é essa que não tem como se garantir? Perigo! Os piratas de língua inglesa não vão esperar 20 anos para a contestação da posse do pré-sal brasileiro. Afinal de contas, cinco submarinos da classe suffren (nucleares) já poderiam ter sido adquiridos na França ao preço total de 32,5 bilhões, viabilizando o imediato adestramento de suas tripulações. Uma providência que se faz urgente e emergencial, para ontem, que não implicaria em absoluto em se abrir mão da construção de mais um em parceria com aquele país, apesar da previsão para entrega só daqui a 10 (dez) anos.

Em verdade, agora fomos salvos pelo gongo. Amanhã pode ser que a Petrobras, e não a Chevron, seja responsável pelo desastre ecológico. Que ninguém se engane, é o pretexto que as potências militares estão aguardando para uma "apropriação humanitária da área pré-sálica brasileira em nome da ecologia e para o bem da comunidade internacional".

"Riachuelo, que foi no passado a prova de bravura e coragem viril, paira sempre como símbolo sagrado dentro d"alma do marujo varonil"… o espírito imortal do Imperial Marinheiro Marcílio Dias, leão marinho tombado no cumprimento do dever no convés da intrépida Corveta Parnaíba! É de se perguntar quantos dos responsáveis pela penúria da Marinha de Tamandaré já ouviram falar desse nome, quem sabe alguns poucos, mas se indagasse das circunstâncias de sua morte aí já seria covardia.

Quanta falta de respeito pelos jovens, os filhos e netos nossos, marinheiros que são por profissão e vocação, herdeiros do marujo nascido em Rio Grande (RS), amputado em luta que tombou morto, todavia vencedor. O final deles, temos que evitar este desiderato, não será imortalizado pela glória que perpetuou o gaúcho do mar. A Bandeira em nossos navios os terá mortos aos seus pés, mas, assim mesmo, vai ser arriada.

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