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Marinha brasileira aposta em formação em Portugal

Gerson Ingrês
Fonte: LOCAL.PT (Portugal)

LISBOA – Ricardo Guimarães, Capitão Tenente da marinha brasileira, encontra-se, sensivelmente, há um ano em Portugal, a desenvolver a pós-graduação de Arqueologia Subaquática, no Instituto Politécnico de Tomar.

Este curso ocorre desde 2008, dando a possibilidade de ser seguido à distância, integrando como elemento final de avaliação uma pesquisa científica ou um estágio prático num projeto subaquático. Ao longo dos anos, refere a coordenadora da pós-graduação, Alexandra Figueiredo “o número de estudantes residentes fora de Portugal tem vindo a aumentar, sendo sobretudo procurado por arqueólogos brasileiros que pretendem uma formação especializada na arqueologia subaquática, como é o caso do Ricardo Guimarães” Para além da maioria dos estudantes estrageiros serem brasileiros “integraram o curso, alunos residentes em Itália, Cuba e Bélgica” recorda a coordenadora “representando quase sempre 50% dos alunos inscritos no curso”.

Para além das aulas teóricas realizadas, atendendo aos modernos sistemas pedagógicos, o Capitão Tenente Ricardo Guimarães têm tido a oportunidade de participar em projetos de arqueologia subaquática, nomeadamente nos trabalhos de investigação de Tróia I, navio afundado no séc. XIX ao largo de Tróia e na Gruta do Bacelinho, uma mina de exploração romana extremamente húmida com algumas galerias submersas. Fora das aulas integra ainda a equipa de projetos de estudo e tratamento conservativo de elementos e artefactos de mais de uma dezena de sítios arqueológicos, desenvolvidos pelo laboratório de Arqueologia e Conservação do Património Subaquático (IPT), permitindo-lhe acompanhar de perto diferentes situações metodológicas de conservação de bens arqueológicos provenientes de meio submerso.

De acordo com o Capitão Tenente o que o fez optar pela Pós-graduação lecionada nesta instituição foi possuir uma formação generalizada nessa área abrangendo as diversas atividades voltadas à intervenção e gestão do património cultural subaquático, onde destaca a grande ênfase na questão da conservação dos bens arqueológicos submersos e a excelência do corpo docente. Como refere “no Brasil, por força da legislação vigente, a Marinha é a instituição responsável por autorizar e fiscalizar ações voltadas aos bens que se encontram submersos” tendo neste sentido investido numa formação dos seus quadros técnicos, de forma a “aprimorar cada vez mais sua atuação no controle e fiscalização” pelo qual Ricardo Guimarães é também responsável. Considera ainda que esta formação específica é imprescindível aos profissionais que lidam diretamente com este património, sendo uma mais-valia nas funções que desempenha na marinha e recomendando a todos aqueles que pretendem adentrar nessa área.

No que diz respeito ao Brasil, o Capitão Tenente Ricardo Guimarães refere que este possui um notável potencial “são aproximadamente 8.500 quilómetros de litoral com presença de sítios pré-históricos submersos, a exemplos dos sambaquis (concheiros), e milhares de naufrágios ocorridos não apenas na costa, mas, em rios e lagos.” Sob a Marinha, um dos objetivos “é a realização do projeto Atlas dos Naufrágios de Interesse Histórico da costa do Brasil, que visa contribuir com os representantes da Autoridade Marítima na tarefa de fiscalização de sítios arqueológicos e de regiões com potencial arqueológico”. Acredita, por isso, que uma colaboração entre as instituições brasileiras e portuguesas poderá trazer importantes benefícios para a salvaguarda do património arqueológico dos dois países.

Com saudades da família e dos amigos, regressa em Outubro, após defender a sua tese que lhe permite terminar o curso de Pós-graduação.

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