Clarissa Thomé / RIO
A cada 3 horas e meia, no Rio, uma pessoa baleada ingressa nos hospitais das redes estadual e municipal. Entre 25% e 30% desses pacientes foram atingidos pelos chamados projéteis de alta velocidade, disparados por armas como fuzis.
O atendimento a pacientes com ferimentos cada vez mais graves, as manobras para evitar sequelas e as estratégias de atendimento de múltiplas vítimas serão debatidos a partir de terça-feira no 41.º Congresso Brasileiro de Angiologia e de Cirurgia Vascular, a ser realizado na capital fluminense.
“Até o início dos anos 2000, cada grande emergência dos hospitais públicos recebia em média 1.500 baleados por ano. Esse número caiu e a primeira interpretação poderia ser a de que a violência diminuiu, porque também houve redução do número de mortes. Mas, com os armamentos pesados, o que tem acontecido é que as pessoas não estão chegando às emergências. Elas não resistem aos ferimentos, essa é a nossa preocupação”, afirmou o médico Rossi Murilo, presidente do congresso e diretor do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac).
Para debater o tema, foi convidado o médico americano Charles J. Fox, professor associado da Escola de Medicina da Universidade do Colorado e chefe do Serviço de Cirurgia Vascular do Denver Health Medical Center (EUA). Com formação como paramédico, ele integrou o corpo médico das Forças Armadas e atuou nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Entre os trabalhos de Fox, está a pesquisa sobre lesões em crianças feridas durante guerras. O estudo mostrou que o controle de danos – intervenção precoce nas veias e artérias atingidas – reduz os casos de amputação. “Nas guerras atuais, lesões por pequenas armas de fogo têm uma excelente taxa de sobrevivência, mais de 90%. Mas muitas lesões resultam na destruição de tecidos moles, significativo potencial de lesão de nervos e perda da função das extremidades”, afirmou Fox ao Estado, por e-mail.
A grande dificuldade no Rio está na qualidade do transporte. Quando os feridos são atingidos em favelas, áreas geralmente conflagradas por embates entre policiais e criminosos, o socorro não é feito por equipe especializada, mas por um vizinho ou a polícia. “Os grandes centros de trauma estão bem estruturados. A questão é estabilizar o paciente, que está em choque porque perde muito sangue, e transportá-lo para esses hospitais. O que é possível ser feito por militares ou por leigos é a compressão da área, qualquer alternativa que coíba o processo hemorrágico”, disse Murilo.
Fox dará palestra no congresso sobre o tratamento de lesões complexas a partir de experiências no Iraque e no Afeganistão, trauma em crianças e intervenções na carótida, entre outros temas. “As técnicas endovasculares evoluíram muito nos últimos anos. Hoje conseguimos minimizar a exposição do paciente a uma cirurgia de grande porte com esses procedimentos menos invasivos. É importante trocar experiências sobre o assunto para que os médicos do Brasil possam aprender e difundir essas técnicas”, afirmou Murilo.
Comentário DefesaNet
Um dos maiores sucessos, silenciosos, das ações americanas no Iraque e Afeganistão tem sido a ação de socorro aos feridos em combate.
O número de baixas americans nas ações do Iraque e Afeganistão, é menor do que em tempos de paz.
Isto se deve a uma série de ações implementadas para garantir que o primeiro socorro ao ferido seja efetivo. Não somente a sua rápida remoção a um atendimentona retaguarda, mas dezenas de novos proceidmentos e produtos de geração avançada que aumentam a chance de sobrevivência.
Outro ponto importnate, na questão do Rio de Janeiro, é a quantidade de armas 5,56mm. A característica deste projetíl no corpo hmano causa um impacto / desequílibrio hídrico de consequências letais. Mesmo que órgãos vitais não tenham sido atingidos.
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Nota DefesaNet
Links para número de Apreensão de Armas de Fogo divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do RJ
Para acessar o Relatório “Apreensão de Armas de Fogo” completo, clique aqui.
Para acessar a ferramenta Tableau® e visualizar os dados, clique aqui.
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