Força estratégica da Marinha atua intensamente no Brasil e no exterior
Marcos Sampaio Olsen (FSP)
Recentemente, a imprensa noticiou com destaque o ingresso de 120 mulheres no Curso de Soldados Fuzileiros Navais. Esse fato, que reafirma a efetiva inclusão das mulheres em todos os corpos, quadros, escolas e centros de formação da Marinha do Brasil, tem despertado a curiosidade sobre os fuzileiros navais.
Afinal, quem são esses vibrantes guerreiros?
Nascido em 7 de março de 1808, ocasião em que desembarcou no Rio de Janeiro, incumbido da segurança da Família Real, o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) celebra nesta quinta-feira (7) 216 anos. Decorridos dois séculos, o CFN é reconhecido como força estratégica, de emprego imediato, anfíbia e expedicionária. Tropa exclusivamente profissional, eles são admitidos por concurso público e submetidos a longo e exaustivo processo de formação.
Conforme orienta a Estratégia Nacional de Defesa, a Marinha mantém seus fuzileiros navais permanentemente prontos para contribuir para a salvaguarda dos interesses nacionais. Desde 2022, a ONU classificou o CFN no mais alto nível de prontidão para operações de paz, sendo a primeira e única tropa do país a atingir tal nível, com “mentalidade expedicionária, móvel e ágil; altos padrões de prontidão operativa e de pessoal; forte comando e controle; elevada moral e disciplina”.
Sem descuidar da missão constitucional de defesa da pátria, os fuzileiros navais atuam intensamente no Brasil e no exterior, em operações de guerra naval; atividades com emprego limitado da força; e benignas, de assistência humanitária e apoio à Defesa Civil.
No país, há quatro meses, atuam na GLO (garantia da lei e da ordem) nos portos do Rio de Janeiro, Itaguaí e Santos e nas respectivas áreas marítimas de acesso. Em passado recente, destacam-se as GLOs em grandes eventos e crises na segurança pública, operações de combate à Covid-19, combate a crimes transfronteiriços na Amazônia e na tríplice fronteira e apoio à Defesa Civil em inúmeros desastres ambientais.
Na área social, 3.000 crianças, em situação de vulnerabilidade, são acolhidas nas unidades do CFN, no âmbito do Programa Forças no Esporte (Profesp). No exterior, operações de paz em Angola, Haiti e Líbano e desminagem humanitária na Colômbia, dentre outras.
Ao mesmo tempo que preservam as tradições, consolidadas ao longo da história, onde conquistaram o respeito e a admiração da população, mantêm olhar atento para os desafios do futuro, impostos por um mundo em convulsionado processo de transformação, com graves ameaças à paz, especialmente nos espaços marítimos.
Recente simpósio internacional, realizado no Rio de Janeiro com os mais respeitados líderes fuzileiros navais de dez países (Argentina, Brasil, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, EUA, França, Itália e Portugal), reforçou a importância das operações anfíbias, operações ribeirinhas, ações nos litorais e ações de proteção. Em um país com a dimensão geoestratégica do Brasil, a atuação integrada de navios e fuzileiros navais é fundamental para a segurança marítima, especialmente em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB) —a nossa imensa e riquíssima Amazônia Azul (5,7 milhões de km2).
Na vanguarda, os fuzileiros navais iniciaram neste ano, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o primeiro curso de pós-graduação de inteligência artificial (IA) aplicada a sistemas militares realizado no país.
A imortal Rachel de Queiroz, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, bem definiu quem são esses vibrantes guerreiros: “Quando se houverem acabado os soldados no mundo, quando reinar a paz absoluta, que fiquem pelo menos os fuzileiros, como exemplo de tudo de belo e fascinante que eles foram!”.
“Adsumus”! Tudo pela pátria e pela Marinha!