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ExpoNaval 2012 no Chile foca em inovação e ação humanitária

Christopher Rey


A ExpoNaval 2012, um encontro das marinhas latino-americanas, fornecedores de materiais de defesa e autoridades governamentais, teve sua abertura no porto de Valparaíso, Chile, com enfoque em inovação e assistência humanitária em períodos de paz.

O evento anual de três dias, em sua oitava edição, ocorreu em Muelle Barón, no terminal de passageiros de Valparaíso, no litoral Pacífico do Chile. Atraiu representantes de vendas de mais de 160 empresas privadas e delegações de marinhas de 32 países das Américas e de outros continentes.

O ministro da Defesa, Rodrigo Hinzpeter, compareceu à abertura da ExpoNaval 2012 juntamente como o comandante-em-chefe da Marinha do Chile, o almirante Edmundo González, que enfatizou que a experiência militar em reação a desastres naturais abrange desde o Furacão Katrina, em 2005, até o trágico terremoto e o tsunami no Chile, em 2010.

“Como instituição, nós acreditamos que, em nível global, a proteção marítima e a assistência humanitária quando confrontadas com catástrofes são vitais para a prosperidade dos países”, disse González aos delegados, que vieram de países como Moçambique e Papua Nova Guiné para o evento.

ONRG desempenha papel-chave nos financiamentos

Os líderes do setor naval do Chile estão constantemente à procura de tecnologia de ponta, disse Jorge Suárez, gerente de Operações da Inytec, a representante local da americana Flir Systems, sediada em Wilsonville, Oregon, fornecedora de equipamentos eletrônicos.

“A oportunidade no mercado é demonstrar tecnologia já em uso mundialmente e adaptá-la à realidade do Chile”, disse Suárez ao Diálogo.

Empresas americanas esperam substituir a tecnologia instalada por novas soluções, declarou. Mas o Pentágono e o Ministério da Defesa do Chile já trabalham estreitamente, numa relação que vai além do binômio fornecedor/cliente e que hoje inclui o financiamento de pesquisa e desenvolvimento de novas soluções militares.
 

Um caso a ser destacado é o do Escritório de Pesquisa Naval Global (ONRG) com sede em Arlington, no estado americano da Virgínia, cuja única filial latino-americana se localiza em Santiago.

“De uma forma geral, o desenvolvimento das marinhas sul-americanas tem sido robusto e profissional, e acredito que possuímos um grande respeito mútuo”, declarou o capitão Gerry Tighe, da Marinha dos EE.UU.. “Esse escritório em particular vem trabalhando com assistência humanitária, com o Chile se destacando tanto no Haiti quanto em seu próprio terremoto.”

Inovação: Dos VANTs à retina humana

Segundo Tighe, as empresas privadas chilenas têm recebido do ONRG verbas e apoio à pesquisa de novas aplicações em veículos autônomos, ciência militar, tecnologia da informação e energia. Isso, salientou, oferece a empresas de defesa locais a chance de prover novas soluções e ferramentas para o mercado mundial.

Por exemplo, a empresa Innervycs, com sede em Santiago, possui dois projetos de desenvolvimento que contam com o financiamento do Exército dos EE.UU. e do ONRG. O primeiro visa replicar a retina humana e a ajudar pessoas com dificuldade de enxergar.

“Isso nos permite avaliar e criar novas formas de camuflagem”, disse o diretor-presidente da Innervycs, Ian Hughes. “Muitas ilusões de óptica ocorrem devido à forma como criamos imagens. Nós descobrimos quais são esses aspectos-chave da visão e como implementá-los em um sistema que ativamente cria camuflagem.”

A Innervycs também está desenvolvendo um programa para Veículos Aéreos Não-Tripulados (VANTs). “Estamos fazendo a ponte entre o reconhecimento da voz natural e o controle de VANTs, de modo que você pode falar com um VANT do mesmo modo que com um soldado perto de você”, detalhou Hughes.

Ultimamente, o Chile chamou a atenção por suas inovações militares. Em 23 de novembro, o Exército do país apresentou o protótipo de um VANT apelidado de “Lascar”. Essa aeronave, construída juntamente com a Universidade de Concepción e uma empresa privada, pode monitorar fontes naturais de água, erupções vulcânicas, desastres naturais, operações de resgate, incêndios e expedições de pesca.

Geografia do Chile é desafio singular

Hughes disse que a extrema diversidade geográfica do Chile – de florestas pluviais no sul ao deserto mais seco do mundo no norte – oferece oportunidades, mas com algumas reservas. A maior parte da pesquisa é realizada dentro de centros militares chilenos usando soluções importadas.

“[Os militares do Chile] precisam de algo cujo funcionamento já tenha sido comprovado e testado em campo”, disse. É por isso que programas como os do ONRG são fundamentais – não apenas por seu papel financiador, mas também por estabelecer relacionamentos com o Departamento de Defesa dos EE.UU. e, por fim, com o mercado mundial.

Atender necessidades específicas de forças navais regionais, a despeito dos mais ambiciosos objetivos de vendas, é também crucial quando se trabalha com forças latino-americanas, declarou Mark Armstrong, gerente de vendas mundial/militar da Quantum Marine Engineering, uma fabricante de sistemas hidráulicos sediada na Flórida.

A Quantum ainda é nova no mercado chileno e busca dar suporte a sistemas já estabelecidos em embarcações navais chilenas com novas tecnologias e acesso a peças raras, mas sem uma total migração para sistemas de estabilização inteiramente novos.

“O que queremos dizer é que podemos modernizar essas embarcações para que tenham um software mais sofisticado e melhores controles, mas você pode manter seu sistema antigo funcionando, economizando dinheiro no fim das contas”, explicou Armstrong.

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