Navios, submarinos e aeronaves foram empregados em exercícios de guerra naval no litoral entre Rio de Janeiro e Salvador
Por Capitão-Tenente (T) Simone Rezende Brandão – Rio de Janeiro, RJ
Nesta sexta-feira (29), chegou ao fim a Operação “Tropicalex-2023”, após a realização de exercícios e manobras de guerra naval com a participação de navios, submarinos e aeronaves, que tiveram como cenário a área marítima entre o Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA). A “Tropicalex” se caracterizou pela maior complexidade de seus exercícios, iniciando um estágio mais avançado de treinamento em relação às operações já realizadas pela Esquadra brasileira neste ano, com o propósito de testar e reforçar, na prática, o preparo e a prontidão da Força.
Ações de superfície, aéreas, de submarinos, de guerra eletrônica e de guerra cibernética fizeram parte dos 11 dias de operação. Como ponto alto, destacam-se os exercícios de Trânsito sob Múltiplas Ameaças, principalmente os exercícios de tiro antiaéreo com canhões de diversos calibres e com metralhadoras calibre .50. No trajeto de regresso ao Rio de Janeiro, foram realizadas diversas atividades não programadas, para testar a prontidão e as reações das diversas equipes e avaliar as capacidades dos navios e aeronaves do Grupo-Tarefa (GT), imprimindo uma dinâmica diferente à operação.
Também foram realizados exercícios de qualificação de pilotos e das equipes operativas dos navios, com destaque para as operações com aeronaves, diurnas e noturnas, manobras de aproximação (Leap Frog) e de manutenção da posição e distância entre navios (Light Line), além de simulação de Evacuação Aeromédica com resgate de náufrago. Em proveito da “Tropicalex”, Equipes de Manobras com Aeronaves do Comando do 2° Distrito Naval, da Base Naval de Aratu, da Corveta “Cabloco” e dos Navios-Patrulha “Guaratuba” e “Gravataí” foram requalificadas, após participarem de operações aéreas com as aeronaves embarcadas nos navios.
Na ida para Salvador, no dia 20, duas aeronaves da Marinha do Brasil, um SH-16 Seahawk e um UH-12 Esquilo, sobrevoaram e pousaram em Abrolhos (BA), realizando Ação de Presença e contribuindo para a soberania nacional naquele arquipélago. Dentro da área marítima compreendida pela Amazônia Azul, ele representa riqueza incalculável para o País, abrigando a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul.
Além dos exercícios militares, durante a atracação no Porto de Salvador (BA), no dia 24, o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico” e as três Fragatas da “Tropicalex” ficaram abertas à visitação pública, atraindo mais de 16.600 pessoas, que puderam conhecer os navios, a rotina de bordo e as atividades que realizam em prol da segurança do País.
O Comandante da 2ª Divisão da Esquadra, Contra-Almirante André Luiz de Andrade Felix, que comandou o GT da Operação, ressaltou a importância dos exercícios realizados: “Todos os propósitos da Operação ’Tropicalex’ foram alcançados, com intensos treinamentos que capacitaram as diversas equipes dos navios, dos setores de armamento, máquinas, controle de avarias, manobras, operações [aéreas, antisubmarino, ações de superfície], testando e empregando sistemas de armas, sensores e equipamentos sofisticados, com exercícios avançados em ambiente diurno e noturno“.
Essa edição da “Tropicalex” contou com a participação de 1.537 militares, entre as tripulações do NAM “Atlântico”, das Fragatas “Constituição”, “Independência” e “União”, e dos submarinos “Tikuna” e “Riachuelo”, e tripulantes das cinco aeronaves, sendo uma de asa fixa AF-1 Skyhawk e quatro helicópteros, sendo dois SH-16 Seahawk, um AH-11B Wild Lynx e um UH-12B Esquilo. Uma aeronave P-3AM Orion, da Força Aérea Brasileira, também participou dos eventos anti-submarino.
Participação especial do Submarino “Riachuelo” e da Corveta “Julio de Noronha”
Incorporado à Esquadra em 2022, o Submarino “Riachuelo” estreiou sua participação em uma operação militar, quando entrou em ação no exercício de Trânsito com Oposição de Submarinos, simulando ameaça aos navios, com o emprego inédito de um míssil submarino-superfície, em vez de torpedo, a uma distância equivalente a 55 km dos navios, a fim de dificultar sua detecção.
Já a Corveta “Julio de Noronha” alcançou, no dia 28, a expressiva marca de 1.000 dias de mar na “Tropicalex“, enquanto participava do exercício de Ameaça de Superfície, ao simular investidas hostis contra os navios integrantes do GT, ocasião que marcou sua participação na operação.
Voo inédito de ARP com a Esquadra
Para que seja empregada em operações da Esquadra, foi realizado um voo de teste, pela primeira vez, com a Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) RQ-1 ScanEagle, que transmitiu imagens em tempo real para o NAM “Atlântico”, diretamente de São Pedro da Aldeia (RJ), onde está sediado o Esquadrão QE-1, ao qual a ARP pertence. “O emprego da aeronave ampliará a capacidade de esclarecimento em proveito da Esquadra, em função das características que possui, tais como 15h de autonomia, amplo alcance, sensor AIS e câmeras para a utilização diurna e noturna”, explicou o Comandante do Esquadrão QE-1, Capitão de Mar e Guerra Fábio Nunes.
Fonte: Agência Marinha de Notícias