Um estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) indica que os investimentos no setor de óleo e gás no país podem chegar a US$ 400 bilhões até 2020 por causa do pré-sal. A "Agenda de Competitividade da Cadeia Produtiva de Óleo e Gás Offsohore no Brasil – Propostas para um novo ciclo de desenvolvimento industrial", elaborada em parceria com a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), estima o aporte de pelo menos US$ 100 bilhões para a construção de unidades produtoras na próxima década. Outros US$ 10 bilhões devem ser investidos na construção de petroleiros e embarcações de apoio.
A Transpetro, subsidiária da Petrobras na área de transporte, já pensa em lançar a terceira fase do Programa de Modernização e Expansão da Frota, o Promef III, com a encomenda de mais vinte navios. O Promef I e II licitou a construção de 41 petroleiros e 20 comboios hidroviários com investimento de R$ 9,6 bilhões. Outros oito navios estão em fase final de licitação. As encomendas permitiram a abertura de dois novos estaleiros no país: Atlântico Sul e STX Promar.
Um terceiro, o Estaleiro Rio Tietê, está em construção em Araçatuba (SP). A Petrobras vai investir no projeto R$ 40 milhões. Lá serão construídas 80 barcaças e 20 empurradores, a um custo de R$ 432 milhões, destinados à implantação da Hidrovia do Tietê para o escoamento de 152 milhões de litros de etanol das zonas produtoras do Centro-Oeste e Sudeste.
"Com o pré-sal, o Brasil vai se tornar um dos maiores produtores mundiais de petróleo e isso significa que vamos precisar de mais navios para transportar essa produção", diz o presidente da Transpetro, Sérgio Machado. O país tem hoje a quarta maior carteira de encomendas de petroleiros do mundo e a quinta de navios em geral. A construção de outros 39 navios já está prevista pelo programa Empresa Brasileira de Navios. As embarcações, financiadas pelo Fundo de Marinha Mercante, serão afretadas pela Petrobras para o escoamento da produção do pré-sal.
A Petrobras aguarda propostas de empresas interessadas na licitação para a transformação dos cascos de quatro navios petroleiros em plataformas de produção destinadas aos campos da cessão onerosa do pré-sal. O projeto é estimado em US$ 2 bilhões – cerca de US$ 500 milhões cada unidade. A previsão era que a Petrobras assinasse o contrato para a transformação dos cascos no primeiro semestre de 2012, mas um atraso na concorrência pode adiar a assinatura. A primeira das quatro unidades flutuantes de armazenamento e transferência, conhecidas no do setor pela sigla em inglês FPSO, está ancorado no porto do Rio.
A embarcação, que veio da Indonésia e foi renomeada como P-74, será instalada na área de Franco e terá capacidade para processar 150 mil barris de petróleo por dia. Vai ser a primeira plataforma destinada aos campos da cessão onerosa da Bacia de Santos. A cessão onerosa é um conjunto de áreas localizadas no pré-sal que foram transferidas pela União à Petrobras em troca de uma remuneração pelo direito do exercício das atividades de pesquisa e produção de petróleo e gás natural. A companhia terá o direito de explorar e produzir até 5 bilhões de barris de óleo equivalente. Os outros três navios que vão operar na área também virão da Malásia e vão receber os nomes de P-75, P-76 e P-77. A expectativa é de que as unidades sejam entregues entre 2015 e 2016.
Os reflexos da revitalização da indústria naval na geração de empregos são bastante significativos. O setor, que tinha menos de dois mil trabalhadores na virada do século, agora emprega 60 mil pessoas.
Estão em andamento nada menos de 278 empreendimentos. Uma das maiores encomendas movimenta o Pólo Naval de Rio Grande, no litoral gaúcho. É lá que estão sendo construídos os cascos de oito navios FPSO para operar no pré-sal.