Anderson Dezan
A cerimônia de homenagem póstuma aos dois militares mortos no incêndio ocorrido na base brasileira na Antártida foi realizada na manhã desta terça-feira (28), na Base Aérea do Galeão na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro.
O ato durou cerca de 30 minutos e contou com as presenças do vice-presidente da República, Michel Temer, e do ministro da Defesa, Celso Amorim. Na homenagem, o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo, de 47 anos, e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos, de 45 anos, receberam promoção póstuma por ato de bravura ao posto de segundo-tenente. Eles ainda foram condecorados pela Marinha com a Medalha Naval de Serviços Distintos e laureados com a Ordem do Mérito da Defesa pela Presidência da República.
Parentes e amigos das vítimas estavam muito emocionadas durante a cerimônia feita na presença dos caixões cobertos com a bandeira do Brasil. “Ele era tudo para mim. Sempre foi meu herói desde criança”, disse Nair Santos, mãe do oficial Roberto, segurando um terço. “Ele era tudo o que eu tinha. Era só bênçãos e maravilhas. Ele era maravilhoso”, declarou Nilza Costa Figueiredo, casada havia 26 anos com Carlos Alberto.
"Eles partem sem medo", diz Temer
Carlos Alberto nasceu em Vitória da Conquista (BA), e ingressou na Marinha aos 18 anos como marinheiro. Roberto Lopes era de Salvador (BA), e sua carreira na Marinha teve início quando ele tinha 19 anos. Na época, ele entrou na escola de aprendizes da Força Armada, em Santa Catarina.
Eles ocupavam o cargo de supervisores eletricistas na estação Antártica Comandante Ferraz.
“Os dois oficiais mostraram que não temiam nada. Se temessem não teriam o gesto de heroísmo para debelar o desastre. Eles partem sem medo e deixam esse exemplo para seus filhos, para a Marinha, para as Forças Armadas e todo o povo brasileiro”, disse o vice-presidente da República, Michel Temer.
Segundo o comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto, a corporação “chora a perda dos dois heróis, que ofereceram suas vidas no cumprimento do dever”. ”Eles tinham em comum mais que a paixão pelo mar. Eram militares experientes, cidadãos honrados, homens de bem, zelosos pela sua profissão”, afirmou o oficial, emocionado.
Durante a cerimônia, o ministro da Defesa, Celso Amorim, informou que a estação brasileira na Antártida será reconstruída mas, não fixou prazos. “ Estamos dispostos a reconstruir nossa base, não só para retomar as pesquisas importantes, mas também para honrá-los, disse, referindo-se aos dois oficiais mortos.