Trabalho de campo voltará a ser feito em novembro em módulos emergenciais
GUILHERME MAZUI | Brasília
Quase dois anos após o incêndio que destruiu a Estação Antártica Comandante Ferraz, em fevereiro de 2012, pesquisadores brasileiros voltarão a trabalhar na região da base em novembro. Até março, na 32ª edição da Operação Antártica (Operantar), estudiosos de biologia Marinha e de meteorologia retomarão as pesquisas de campo acomodados nos módulos emergenciais, usados como estação provisória durante a reconstrução da base, localizada na Ilha Rei George.
– Para limpar a área queimada e montar os módulos, tivemos de deixar os pesquisadores afastados de Ferraz por um verão. Agora, as atividades voltam ao normal – explica o capitão-de-mar-eguerra Marcello Melo da Gama. Secretário-adjunto da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), responsável pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar), Gama e seus colegas finalizam a logística da Operantar, que começa em 6 de outubro e será menor que a edição anterior.
Para devolver a normalidade à pesquisa, a Marinha mobilizou cinco navios no verão passado, três a mais do que o país costuma usar. Na oportunidade, os cientistas ficaram em embarcações, bases de outros países e acampamentos em diferentes regiões da Antártica. A nova Operantar voltará a usar os dois navios do programa, Ary Rongel e Almirante Maximiano, mais os refúgios e os módulos da estação, que concentra cerca de um terço dos projetos científicos do Brasil.
A Marinha trabalha para levar cerca de 200 pesquisadores ao continente gelado até março de 2014. Pelo menos 80 poderão usar os módulos emergenciais, divididos com militares e trabalhadores da reconstrução da estação.
– Quem ficava em Ferraz passou o último ano em cima de dados já coletados. O uso dos módulos ajuda a recuperar o tempo perdido – prevê Jefferson Simões, diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Expectativa é inaugurar nova estação em 2015
A Marinha espera lançar no primeiro trimestre de 2014 o "gelo fundamental", marco do começo físico da reconstrução da Estação Comandante Ferraz. Pelas previsões, a nova casa brasileira no continente austral, estimada em até R$ 120 milhões, pode ser inaugurada no verão de 2015.
Para cumprir os prazos, a Marinha quer lançar em outubro a licitação da obra, aberta a estrangeiros, desde que associados a empresas brasileiras. Antes, aguarda para terça-feira a entrega do projeto-executivo da base, assinado pelo escritório Estúdio 41, vencedor do concurso público, em parceria com a empresa portuguesa Afaconsult.
OPERAÇÃO PROVISÓRIA
PRÓXIMOS PASSOS DA RECONSTRUÇÃO
Marinha prepara volta do programa brasileiro no continente gelado
– 1º de outubro: entrega do projeto-executivo
– 10 e 11 de outubro: avaliação técnica do projeto-executivo
– Segunda quinzena de outubro: lançamento da licitação
– Dezembro: se não houver disputas judiciais, sairá o resultado da licitação
– Novembro a janeiro: estudo geotécnico para reconstrução
– Fevereiro a março: instalação das fundações da estação
– Verão 2014-2015: construção
A OPERANTAR 32
– 2 navios – Ary Rongel e Almirante Maximiano
– Cerca de 200 pesquisadores
– Em 6 de outubro será a saída dos navios do Rio de Janeiro
– Em 29 de março, o regresso dos navios da Antártica