A Marinha enviará na terça-feira um novo contingente de militares brasileiros para atuar na Força Interina das Nações Unidas para o Líbano (Unifil, na sigla em inglês). No dia 25, assume o comando da Força-Tarefa Marítima (FTM) da Unifil o contra-almirante Wagner Lopes de Moraes Zamith. Em abril, parte a fragata Liberal, com 270 homens a bordo.
Zamith vai substituir o contra-almirante Luiz Henrique Caroli, comandante da FTM, a bordo da fragata União. A embarcação está no Líbano desde novembro de 2011. A missão é ajudar, juntamente com embarcações de mais cinco países, no patrulhamento das águas territoriais libanesas, evitando a entrada de armamentos e produtos proibidos. A Liberal, assim como a União, será o navio capitânia da frota marítima.
"A missão da Unifil visa a criar um ambiente de diálogo, ajudar o governo libanês a evitar ingresso de armas ilegais pelas fronteiras e restabelecer a soberania na porção Sul do território, onde as invasões de Israel eram mais frequentes. Outro objetivo é levar auxilio humanitário à população local que, por causa dos conflitos, foi deslocada de suas residências", explicou Zamith.
Além de garantir estabilidade para o governo libanês consolidar a democracia no país, Zamith destaca que a missão também mostra a importância geopolítica do Brasil na região. "Isso projeta o Brasil como um país engajado em operações de manutenção de paz. Hoje somos o 12º país em termos de contribuição de tropas e material para missões de paz. Cresce nossa visibilidade e credibilidade em fóruns internacionais. O Brasil tem uma aceitação muito grande", explicou.
A Unifil foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1978. Em 2006, o governo libanês solicitou que fosse criada força marítima em apoio à missão. No segundo semestre de 2010, o Brasil foi convidado a participar do projeto. "Isso demonstra a confiança e a credibilidade no nosso país, ao termos condições de tomar posição de liderança em uma missão de paz."
Todas as atividades e movimentos dos brasileiros em águas libanesas serão acompanhados em tempo real, a partir do Centro de Comando e Controle, subordinado ao Comando de Operações Navais, situado no 1º Distrito Naval, no centro do Rio de Janeiro. O local tem comunicação direta por satélite com as equipes no exterior, o que possibilita saber exatamente onde estão as embarcações brasileiras, além de oferecer ligação instantânea de áudio e vídeo.
As abordagens aos navios e embarcações estrangeiros só serão feitas a pedido do governo libanês, seguindo um rígido treinamento, para evitar qualquer atrito, pois a região reúne dezenas de grupos de diferentes religiões e convicções políticas. "Uma atividade amplamente exigida é a inspeção e abordagem a navios mercantes. A tripulação foi treinada para esse tipo de tarefa. Foi criado um grupo de reações contra ameaças assimétricas", explicou Zamith. Além disso, outra atividade importante é a atuação do Brasil no treinamento da Marinha libanesa.
O Ministério das Relações Exteriores acompanhou toda a preparação. Apesar das diferenças culturais e dos riscos de se atuar em uma região de conflitos políticos, Zamith lembra que os brasileiros são sempre bem recebidos no Líbano. Segundo ele, o Brasil tem uma população com origem ou descendência libanesa calculada em 8 milhões de pessoas, praticamente o dobro da população atual do Líbano, de cerca de 4 milhões de habitantes.