Um dos mais antigos navios de transporte da Marinha, agora convertido em uma de suas mais recentes plataformas de guerra, chegou ao Bahrein na semana retrasada para integrar a presença cada vez mais imponente das forças dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, destinada a intimidar o Irã.
O Ponce foi inaugurado em 1966 e seria destruído ao se aproximar do fim de sua vida útil. Mas ele renasceu como uma base flutuante para servir de apoio a importantes operações militares em toda a região – o mais recente exemplo da maneira como os EUA planejam suas táticas de guerra.
A primeira missão do Ponce foi projetada para ser sigilosa e defensiva, para servir como um centro de operações para a remoção de minas do Estreito de Ormuz, um contra ataque à ameaça de Teerã de fechar o canal. Assim, o Ponce servirá como uma plataforma para a decolagem e pouso de helicópteros, uma base para as equipes de mergulho submarino e uma estação de serviço de fornecimento de combustível e manutenção para os navios de varredura de minas.
Mas com a adição relativamente simples de um quartel modular no convés, o Ponce também pode servir como uma base móvel para centenas das forças Operações Especiais responsáveis por missões como resgate de reféns, combate ao terrorismo, reconhecimento, sabotagem e ataques diretos. Mesmo com a adição do quartel, há bastante espaço para os helicópteros e os pequenos barcos que podem ser utilizados pelos soldados.
Aliados e amigos são importantes, mas eles podem vetar missões americanas iniciadas de bases em seu território. O Ponce opera em águas internacionais. Surpresa e velocidade são fundamentais para o êxito militar e o Ponce pode navegar perto de áreas de conflito. Além disso, ter a capacidade de realizar diferentes missões de diferentes ramos das Forças Armadas é mais valioso do que ter uma plataforma de armas que faz apenas uma coisa para um específico setor das Forças Armadas.
Teerã
Os líderes iranianos veem o Ponce de forma diferente, é claro, e atacaram o posicionamento do navio pelos EUA acusando Washington de montar uma esquadra militar provocadora. (Os reforços americanos também incluem a duplicação de caça-minas para oito e a adição de um caça da Força Aérea e alguns jatos na região.) Um comandante da Guarda Revolucionária Iraniana chegou a ameaçar dizendo que seu país responderia às ações militares americanas aumentando o número de mísseis em seu arsenal que possam colocar em risco os navios de guerra americanos e bases aliadas na região.
A Marinha está convencida de que as capacidades do Ponce são essenciais para futuras operações militares e propôs que o Congresso prossiga com um plano de quatro anos e US$ 1,2 bilhões para a construção de dois navios dedicados exclusivamente a servir como "bases avançadas temporárias”. Allison F. Stiller, secretário adjunto da Marinha para programas de navios, disse que os dois navios, agora em construção, foram os primeiros construídos especificamente para esse tipo de serviço.
O primeiro dos novos navios deve ficar pronto até 2015 e o segundo um ano depois, caso o Congresso aprove o orçamento.
Plataforma
Durante décadas, os militares utilizaram diversos tipos de navios de guerra e navios de serviço como plataformas para operações de preparo, seja durante suas campanhas de ataque no pacífico na Segunda Guerra Mundial ou em rios na Guerra do Vietnã. Em um exemplo mais recente, a Marinha esvaziou o porta-aviões Kitty Hawk antes da invasão do Afeganistão em 2001 e o transformou em uma base para as forças de operações especiais para os ataques contra alvos do Taleban.
A ideia de criar uma frota dedicada para servir como bases flutuantes ganhou força na década de 90, quando os militares não tinham muitas missões após o colapso do comunismo e procuraram maneiras de operar de forma independente perto das áreas contestadas.
Para acomodar as diferentes missões de diferentes ramos militares a bordo da base flutuante, os navios serão equipados com um hangar de helicóptero na plataforma e portais de acesso para pequenas e rápidas embarcações. Um pequeno hospital e um centro de purificação de água também estão a bordo do navio.
Autoridades do Pentágono e da Marinha notaram que a busca por uma base de preparação foi acelerada e finalmente se tornou uma realidade devido à pressão de oficiais superiores no Comando Central e do Comando de Operações Especiais.
"As operações atuais são indispensáveis para proteger as linhas de comunicação marítimas mapeando e neutralizando minas marítimas", disse o tenente-coronel T.G. Taylor, porta-voz do Comando Central. "As minas não discriminam suas vítimas e precisam de uma forte resposta para garantir a segurança de todas as embarcações marítimas."
*Por Thom Shanker