Roberto Godoy
A Avibrás Aeroespacial – que acaba de fechar um amplo compromisso comercial com o Exército da Indonésia para o fornecimento de baterias completas do lançador de foguetes Astros-2 – também será a parceira do grupo europeu MBDA, fabricante de mísseis, em projetos militares especiais. Um deles é a motorização e integração dos novos Exocet-39 do tipo ar-superfície, que a Marinha do Brasil está comprando para armar os helicópteros de combate da Força.
O negócio com a Indonésia é estimado em US$ 400 milhões e será cumprido até 2015.
Ontem, um diplomata especialista no pacto Asean-Associação das Nações do Sudeste Asiático, disse ao Estado, que a venda de equipamento militar para o país líder da entidade, "abre grandes e extraordinárias possibilidades" no mercado. O presidente Susilo Bambang acompanhou as negociações pessoalmente e foi conhecer o sistema Astros em exposição na feira Expo Defense, há duas semanas.
O comércio bilateral tem sido, na média dos últimos três anos, da ordem de US$ 2,5 bilhões. As aquisições de 16 aviões Super Tucano de ataque leve da Embraer, e a do lançador múltiplo de foguetes na versão mais avançada, "podem fazer essa conta crescer significativamente", afirma o especialista, lembrando que "o Ministério da Defesa indonésio revelou interesse em outros produtos, como mísseis antirradar e radares de campo".
As Forças Armadas de Jacarta estão cumprindo um ambicioso programa de modernização e de reequipamento. A primeira fase termina em 2014.
Mísseis
O acordo com a MBDA "é parceria comercial, de mercado", explica Sami Hassuani, presidente da Avibrás, que vê no procedimento uma forma rápida de acesso às novas tecnologias controladas. A empresa, em parceria com outra corporação privada do setor, a Mectron, e mais a área técnica da Marinha, testou em 18 de abril o Exocet da série revitalizada. O investimento da Força Naval no programa é de US$ 75 milhões.
A estimativa é de que haja cerca de 900 mísseis do mesmo tipo, MM-40 (superfície-superfície), estocados em 15 países, 13 dos quais já revelaram a intenção de prolongar a vida operacional do equipamento em estoque.
O procedimento cobre a instalação de um novo motor, de combustível sólido, uma revisão integral da fuselagem, partes móveis e da carga eletrônica – custa US$ 1 milhão. O míssil novo, na versão Block 3 oferecida pela MBDA, pode sair por até US$ 6 milhões. A revitalização abre caminho para o ManSup, o míssil antinavio de superfície brasileiro.
O desempenho deverá permitir alcance na faixa dos 180 quilômetros (a configuração modernizada chega a 70 km), com a guiagem digital. O primeiro voo do protótipo está previsto para 2017. As entregas, entre 2018 e 2019. A Marinha destinou, em dezembro de 2011, US$ 50 milhões ao projeto.
Para o ministro da Defesa, Celso Amorim, o ManSup deve atender necessidades da esquadra, "e também permitir que a indústria nacional seja competitiva nas disputas pelo mercado internacional". Empresários do setor trabalham com a projeção de demanda, na virada da década, de 3,5 mil mísseis com as características do modelo brasileiro.
A curto prazo, todavia, a meta da Avibrás no trabalho com a MBDA é um míssil antiaéreo capaz de atingir invasores a 30 km, na altitude de até 15 mil metros. É prioridade da Defesa para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
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