Dyelle Menezes
Do Contas Abertas
Além do incêndio que destruiu 70% da estação brasileira na Antártica e da execução orçamentária de apenas 60,7% no ano passado, incluindo os restos a pagar pagos, o governo enfrentará outro problema este ano. O valor previsto no Orçamento Geral da União (OGU) para aplicações no continente gelado em 2012 é o menor dos últimos sete anos.
Estão autorizados R$ 11,8 milhões para as ações “Missão Antártica” (R$ 8,2 milhões), “Fomento à Pesquisa na Antártica” (R$ 1 milhão) e “Monitoramento das Mudanças Ambientais Locais e Globais Observadas Na Antártica” (R$ 403,5 mil). No ano passado, cerca de R$ 18,4 milhões estavam previstos, valor praticamente igual ao de 2010. Se comparado com 2009, a diferença é ainda maior: cerca de R$ 27,4 milhões foram aprovados naquele exercício.
O objetivo é garantir a presença na região antártica, desenvolvendo pesquisa científica diversificada de qualidade, com a preservação do meio ambiente, a fim de assegurar a permanência do Brasil como membro consultivo do Tratado da Antártida.
Além disso, as atividades prevêem o fomento a projetos de pesquisa multidisciplinares e multi-institucionais, inclusive internacionais, no âmbito do Proantar, incluindo seu sistema de avaliação e acompanhamento; e aquisição de equipamentos científicos.
A diminuição no montante se deve principalmente à tramitação do orçamento no Congresso Nacional. As ações brasileiras na Antártica sempre obtiveram grandes acréscimos de recursos por via de emendas parlamentares, o que não aconteceu em 2012, quando apenas R$ 2,2 milhões foram decorrentes de propostas do Legislativo. No ano passado, por exemplo, o orçamento praticamente triplicou com as proposições parlamentares, pulando de R$ 6,4 milhões para R$ 18,4 milhões.
A Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação chegou a apresentar proposta de R$ 30 milhões para a Missão Antártica, porém apenas R$ 5,7 milhões foram aprovados nessa emenda. Outros R$ 6,3 milhões foram provenientes de proposições 19 deputados e senadores. Ao todo, em 2011, R$ 36,3 milhões foram propostos pelo Congresso, contudo, só R$ 12 milhões foram realmente inseridos no orçamento. (veja aqui as proposições)
O histórico orçamentário das iniciativas nos últimos onze anos demonstra que cerca de R$ 30,2 milhões deixaram de ser investidos. O valor é resultado da diferença entre os valores autorizados anualmente e os totais pagos em cada exercício, incluindo compromissos assumidos em gestões anteriores. Dos R$ 145,1 milhões estimados entre 2001 e 2011, aproximadamente R$ 114,9 milhões, equivalente a 79,2% de execução orçamentária. (veja tabela)