A complexidade das operações aéreas em alto mar

NAM “Atlântico” passa por Vistoria de Segurança de Aviação

Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira

Realizar operações aéreas em alto mar exige um elevado grau de preparação de todos os profissionais envolvidos, tanto os que estão embarcados nos navios quanto os que operam a bordo das aeronaves. O Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, que já realizou mais de 4.250 pousos e decolagens desde a sua incorporação em 2018, possui um convés de voo ― também chamado convoo ― com capacidade para até sete aeronaves e um hangar que pode transportar até 16 helicópteros, dependendo do porte. O maior navio da América Latina passou por uma Vistoria de Segurança de Aviação (VSA), no período de 9 a 12 de julho.

A Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), por meio do Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Marinha (SIPAAerM), realizou a VSA para identificar condições latentes que possam representar riscos às operações aéreas. Além disso, propôs recomendações de segurança para a prevenção de acidentes e utilizou os subsídios adquiridos na análise dos diversos setores do navio para definir se este encontra-se em condições satisfatórias para conduzir as operações aéreas com segurança.

O emprego da Aviação Naval envolve diversos desafios específicos, como a operação em condições meteorológicas adversas e a necessidade de pousos e decolagens em um espaço limitado, a bordo de navios em movimento. Para garantir a segurança dos voos, o navio adota medidas rigorosas, que incluem treinamento intensivo para os militares, rígida manutenção dos equipamentos, procedimentos de emergência bem estabelecidos, além da coordenação entre as equipes envolvidas. Todos esses requisitos são verificados na VSA.

As avaliações são conduzidas por uma equipe do SIPAAerM com especialistas em várias áreas, como engenheiros, médicos, aviadores navais e oficiais de superfície da Marinha do Brasil (MB). Todos os navios que realizam operações aéreas passam por essa vistoria, sendo que, no NAM, o processo é mais complexo, por conta do seu volume de operações. Também por isso, o “Atlântico” possui uma divisão de segurança voltada somente para aviação. Nela, a equipe de militares trabalha com gerenciamento de risco operacional, supervisão de processos organizacionais e análise estatística de dados e relatos.

Segundo o Oficial de Segurança da Aviação do “Atlântico”, o Capitão de Corveta Bruno Brandão, o NAM funciona como uma espécie de “aeroporto flutuante”. “O navio segue protocolos de segurança de operações aéreas que não são exclusivos da MB e também são usados para prevenir acidentes em aeroportos civis. O SIPAAerM segue protocolos internacionais, como por exemplo, o processamento de relatos de prevenção e investigação de ocorrências aeronáuticas. Por esse motivo, a aviação é um meio tão seguro”, ressalta.

Os desafios das operações aéreas no NAM

As operações aéreas incrementam as capacidades do Poder Naval, funcionando como um braço estendido da Força Naval, por permitir esclarecer ameaças no perímetro ou atacar a uma distância maior e com maior velocidade do que o navio. Com capacidade para operar diversas aeronaves simultaneamente, o NAM representa um importante meio para projeção de poder e suporte logístico, não só em operações no campo de atuação da Defesa Naval, mas também no campo de atuação de Apoio às Ações do Estado.

Operar aeronaves em um navio não é uma tarefa simples e a complexidade está, principalmente, em unir as características dos meios aéreos com as do meio naval. O navio precisa prover condições favoráveis de vento relativo no seu convés de voo e ajustar o rumo para possibilitar a decolagem e o pouso de aeronaves. Por outro lado, o helicóptero precisa ter a capacidade de operar com o balanço do convoo, observando as condições meteorológicas no local. Portanto, ambas as tripulações precisam estar treinadas, para que haja uma sinergia perfeita entre o navio e a aeronave.

Para se ter uma ideia, a quantidade de profissionais envolvidos nas operações aéreas, se o navio estiver pronto e guarnecido para atuar em 12 horas, é de cerca de 50 militares, atuando no convoo e na torre de controle. No caso de 24 horas de prontidão, são cerca de 100 pessoas. Fora isso, existem ainda os profissionais indiretamente ligados, como os que atuam nas operações do navio, nas máquinas e na área da saúde.

Exercícios realizados na VSA

Durante a VSA, o “Atlântico” operou com três diferentes aeronaves: IH-6 Bell Jet Ranger III, AH-11B “Wild Lynx” e SH-16 “Seahawk”, sendo duas de médio e outra de pequeno porte, que, por quatro dias, realizaram operações aéreas e exercícios simulados visando à verificação dos procedimentos de segurança a bordo, além do adestramento para as tripulações das aeronaves.

Os principais voos realizados foram os de Qualificação e Requalificação de Pouso a Bordo (QRPB); VERTREP (Vertical Replenishment), uma operação militar de transferência de carga externa entre navios utilizando aeronaves; pick-up, que consiste na transferência de carga leve por meio de um guincho entre o navio e a aeronave; esclarecimento e reconhecimento de área; além de simulações de crache (queda da aeronave)no convoo, perda de comunicações, crache na água, evacuação aeromédica, incêndio no hangar, além de exercícios com limitações simuladas nos recursos usualmente disponíveis no navio.

Após quatro dias no mar, o SIPAAerM considerou que o NAM “Atlântico” obteve grau satisfatório na condução das operações com aeronaves, homologando a capacidade do NAM em operar com aeronaves, de forma segura, por mais um ano.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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