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Leonardo do Brasil pronta para expandir capacidade de assistência técnica em São Paulo

Leonardo do Brasil pronta para expandir capacidade de assistência técnica
em São Paulo. Na foto um Leonardo AW198


Nelson Düring
Editor DefesaNet


O Brasil poderá ampliar sua capacidade de manutenção de helicópteros. Segundo Andrea Antonio Puglisi, diretor executivo da Leonardo do Brasil, “fizemos um investimento grande nas novas instalações de Itapevi, onde operamos há quase dois anos onde. Temos uma grande área de expansão que onde podemos incluir novas capacidades industriais e de serviço, dependendo da evolução de mercado e da demanda”, afirmou.

A nova instalação da Leonardo do Brasil está em um terreno com mais de 40 mil metros quadrados. A área construída em planta, de 6 mil metros quadrados, inclui uma nova sede para o hangar de manutenção de helicópteros e o centro de suporte logístico. A grande frota de aviação executiva, localizada, principalmente, no estado de São Paulo, atraiu a empresa para o Brasil e os serviços de manutenção estão orientados para este mercado. O apoio logístico às operações offshore de exploração de petróleo e gás, que tiveram uma grande retomada das operações da Petrobras com o incremento dos preços das matérias-primas, localiza-se na Bacia de Campos (RJ)

— Sob o ponto de vista comercial no campo da defesa, entendemos que o AW149 possa satisfazer as exigências de transporte tático e utilitário. Vendemos 32 unidades para a Polônia, nosso primeiro cliente em um país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O custo operacional equivale a 50% dos concorrentes. Nós conseguimos um projeto militar com baixo custo e com um desempenho que não deve nada a equipamentos ‘legacy’. Isto significa um grande impacto econômico em termos de operação e em ciclo de vida para o Exército ou a Aeronáutica. Também vemos em boa posição nosso novo helicóptero de exploração e escolta, o AW249. Já temos dois protótipos em teste e, na atual fase de desenvolvimento, podemos incluir requerimentos de outros países. O modelo de cooperação precisaria de aprovação do Ministério da Defesa italiano — afirma Andrea Puglisi.

Desafio e tecnologia

O chefe de vendas da Leonardo, Corrado Badalassi, conta que a empresa conseguiu penetrar no mercado a partir do estado de São Paulo:

— É claro que a compra de um modelo de helicóptero não se limita ao equipamento, ela inclui uma doutrina de uma doutrina de utilização e de manutenção — ressalta. Nossos helicópteros oferecem desempenho superior e, ao mesmo tempo, custo muito competitivo para aquisição e manutenção ao longo da vida” — afirma o chefe de vendas da Leonardo. — Por isto, apostamos na superioridade tecnológica dos nossos produtos. Conseguimos permitir que pilotos dos corpos de bombeiro e das polícias testem nossos produtos — contou Badalassi.

— Isto atraiu o interesse sobre o AW 119 Koala homologado para voo com instrumentos (IFR), que consegue operar 24 horas por dia, mesmo em condições atmosféricas adversas que impedem o uso de outros helicópteros monomotores.

Esta vantagem foi destacada pelos pilotos, que deixam clara sua opinião sobre a superioridade do modelo em relação aos concorrentes, principalmente pelo uso do IFR. A grande questão está em transmitir esta posição aos tomadores de decisão para que coloquem dinheiro em um novo produto. Neste ano, a empresa vai participar de duas concorrências que podem garantir de cinco a seis possíveis vendas para o mercado paramilitar.

— O AW119 Koala apresenta uma série de vantagens a começar pela segurança. Nosso helicóptero nasceu a partir de um modelo bimotor, nós apenas retiramos um motor e os sistemas elétricos, hidráulicos e de combustível são redundantes. A cabine é maior e mais flexível e a fuselagem é resistente à água — afirma Badalassi. — No Koala há espaço para seis passageiros ou duas macas em posição e sobra espaço na posição longitudinal sem qualquer modificação e mantendo o copiloto — ressalta.

Bimotores

Há um interesse no mercado público e paramilitar em equipamentos bimotores, segundo o chefe de vendas da empresa:

— Estamos em uma grande campanha para promover nossos produtos e corpos de bombeiros mostraram interesse pelo AW109 Trekker, com esquis e há uma possibilidade de adicionar duas unidades deste modelo neste ano. As Forças Especiais da Polícia Civil e os bombeiros do Rio já começaram a operar outro modelo bimotor, o AW169. Os aparelhos para uso policial serão equipados com proteção balística e luzes de busca. Ou seja, adicionamos uma nova plataforma no país. Nós temos nove AW 169 operando no Brasil, dois no mercado público e sete no mercado civil, e vamos acrescentar mais dois neste ano. É a mais moderna plataforma para 10 ocupantes no país — ressalta.

Em relação ao mercado offshore, Badalassi é otimista:

— O setor de energia e gás está bombando. Depois da pandemia, a Petrobras abriu muitas licitações no ano passado e estamos bem posicionados porque possuímos o AW 139, o helicóptero líder para estas operações. Em 2022, vendemos mais de 15 unidades e já recebemos encomendas neste ano para o mercado de offshore. Houve uma explosão de vendas em função de uma demanda reprimida em virtude da recessão, quando não houve investimentos. Pensamos em introduzir o AW189, que, por enquanto, só tem uma unidade que opera no Brasil, mas há um cliente interessado em investir em uma frota deste modelo, que tem capacidade superior ao AW139.

AW139

O mercado paramilitar, que soma polícias e bombeiros, também está aquecido:

— Nos últimos dois anos, em menor escala, também vimos um aumento na procura de aeronaves para o setor parapúblico das polícias. Muitos estados que possuíam frotas antigas resolveram renovar suas frotas envelhecidas e obsoletas e a Leonardo participou destas concorrências. Nesta área, nossos principais produtos são o AW119 Koala e o AW169. A Polícia Federal, que tem um orçamento maior que o das forças de segurança estaduais, opera um AW139. Esta é opção para quem possui uma capacidade aquisitiva maior porque quem tem um AW 139 é capaz de cobrir todas as tarefas — afirmou o vice-presidente da Leonardo.

No mercado executivo, o grosso das vendas está na família AW109 e no AW169. Neste setor mercado, segundo Andrea Puglisi, surgiu um fenômeno curioso depois da pandemia: uma grande procura de aeronaves para entrega imediata, o que dinamizou o mercado de usados, seja para aviões ou helicópteros, com grande incremento de preços.

AW119 da Polícia Rodoviária Federal

Inovação e logística
A crise nos transportes durante a pandemia obrigou a Leonardo a buscar novos desafios:

— Nosso investimento não cessou — disse Puglisi. — Com a dificuldade imposta a viagens, nós criamos ferramentas digitais que permitiam ao cliente acompanhar à distância o processo de recebimento de aeronaves. Os compradores podiam se atualizar sobre o resultado de testes estáticos de equipamentos eletrônicos e mecânicos e os testes de voo antes de enviar o helicóptero para uma base próxima do operador. Outra prova de que não paramos está na construção de nossas instalações em Itapevi, feita em plena crise do COVID 19. No ano de 2021, com o fim do caos sanitário e o início da Guerra da Ucrânia, surgiu um estresse no mercado de matérias primas para a fabricação de componentes e peças de
reposição agravado com o aumento da procura por usados. A isto se somou uma demanda reprimida pelo processo de recessão.

— A Leonardo Helicopters buscou cumprir suas obrigações, mas enfrentou alguma pressão de prazos a partir do mercado secundário (usados) em virtude do processo de adaptação e de upgrade de helicópteros para novas utilizações. Esta pressão se concentrou na rede de fornecedores, mas conseguirmos superar porque possuímos um sistema de manutenção integrado e em tempo real. Mantemos um call center em Sesto Calende que recebe a demanda do componente e procura, por meio de um sistema de busca global, qual centro logístico que possui a peça está mais próximo do cliente. Desta forma, podemos suprir a necessidade em até 72 horas — conclui Puglisi.

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