Entrevista com o Diretor do Departamento regional da
Rosoboronexport Sergey Ladyguin que chefia a delegação
da companhia na LAAD Defence & Security 2013.
“Nossos competidores conhecem a nossa maneira de operar, enérgica e a eficácia”
Desde o momento da sua fundação em 2000, a Rosoboronexport, sendo a única empresa estatal russa autorizada para exportar material de guerra, definiu a ampliação da geografia de fornecimentos como uma das suas tarefas de prioridade. Neste contexto, a América Latina com as suas economias emergentes se apresenta como uma das regiões de maior perspectiva, onde a companhia começou a progredir no sentido de ampliação da cooperação técnico-militar. Os êxitos e planos da Rússia no continente latino-americano são o tema da nossa conversa com o Diretor do Departamento regional da Rosoboronexport Sergey Ladyguin que chefia a delegação da companhia na LAAD Defence & Security – Feira Internacional de Defesa e Segurança2013.
De que êxitos pode a Rosoboronexport orgulhar-se?
Nos recentes anos, conseguimos ampliar a cooperação técnico-militar praticamente com todos os países da região. Foi um avanço essencial em cooperação com alguns países, por exemplo, com a Venezuela; entretanto com certos outros só se lançaram as bases para desenvolvimento posterior das relações, como no caso da Argentina. Enquanto no caso do Peru, o país que podemos considerar o nosso parceiro tradicional, nos anos 90 a cooperação ficou congelada, e o processo foi ativado já depois da Rosoboronexport ter sido criada.
Tomando em consideração que muitos países da região tradicionalmente têm se orientado, durante muitos anos, para os EUA e os produtores da Europa Ocidental, entendemos que não vamos conseguir rapidamente conquistar cotas essenciais do respectivo mercado. Entretanto, o nível existente de cooperação não conforma objetivamente com as largas perspectivas e enormes possibilidades de parceria.
Contudo, a competição no mercado de armas mundial em geral, e no mercado latino-americano em particular, só se torna cada vez mais forte. Que trunfos a Rússia tem neste jogo?
Primeiro, é o próprio material de guerra oferecido pela Rosoboronexport. Pelo tal critério importante como “eficácia/custo”, muitos modelos russos superam os análogos estrangeiros. As altas características técnicas, seguridade, resistência e facilidade de manutenção são as definições chave das armas russas. Desenvolvemos as armas destinadas não para desfiles, mas sim para operarem em duras condições do campo de batalha e em severo ambiente climático. Contudo, a Rússia é um dos poucos países capazes de produzir toda as classes de material, a partir de fuzis de assalto até submarinos nucleares.
Segundo, oferecerecemos não apenas modelos completamente fabricados. Declaramos com certeza que estamos dispostos em empreender transferência completa de tecnologias, organizar a produção sob licença, executar trabalhos de pesquisa conjuntos e elaborar novos modelos do material, inclusive para serem fornecidos a terceiros países. Queria assinalar que propomos exatamente uma parceria industrial e técnico-científica mutuamente vantajosa, à base de igualdade de direitos.
Deste modo, temos produtos modernos que gozam de demanda no mercado, temos tecnologias que estamos dispostos a compartilhar, e temos a intenção definida de ampliar essencialmente a cooperação. Os nossos competidores conhecem a nossa maneira de operar enérgica e eficaz.
Pode-se dizer que a Rússia tem um parceiro de prioridade no mercado latino-americano?
Na realidade, toda a região em geral é importante para nós. Temos assuntos a tratar no diálogo com todos os países latino-americanos. É que os volumes potenciais de cooperação com alguns parceiros são grandes, enquanto com outros o respectivo potencial é bastante modesto, porém não menos importante, desde que a cooperação técnico-militar, como se sabe, exerce um forte efeito sinérgico sobre as relações em geral. Obviamente, na LAAD Defence & Security o Brasil irá desempenhar o papel principal. Tanto mais que ultimamente, num curto período de tempo, tiveram lugar várias visitas de cúpula mútuas, e a parte brasileira demonstrou interesse pelos meios de defesa antiaérea russos.
Aliás, a cooperação com o Brasil no campo de defesa atualmente está sendo ampliada? Como podia avaliar o seu nível em geral?
A nossacooperação com o Brasiltem perspectivas muito largas. O Brasil é um caso exemplar, em certo sentido. A nossa visão das realidades geopolíticas e as nossas posições nos assuntos de maior importância são muito próximas, ambos os países, com as suas economias emergentes, são membros do bloco BRICS que está a ganhar potência. Contudo, comparando com os casos da Índia e da China, a cooperação técnico-militar russo-brasileira se encontra ainda numa fase inicial.
É evidente que com o tal nosso interesse mútuo na esfera económica, com as nossas atitudes políticas semelhantes no palco internacional, obviamente temos que cooperar estreitamente no campo militar. Tanto mais que temos realmente muitos pontos de convergência. Trata-se não só da temática de defesa antiaérea, vivamente discutida na mídia, mas também da cooperação no campo de aeronáutica, em particular, no setor de helicópteros; trata-se dos assuntos de segurança das fronteiras nacionais. Tomando em consideração a intenção lógica e bem fundamentada do Brasil no sentido de criar uma Marinha de Guerra poderosa, a Rússia tem uma grande quantidade de projetos que possam interessar os nossos parceiros.