Nota DefesaNet
Matéria publicada na edição 749 do Bandeirante.
O editor
Valtécio Alencar
A Embraer Defesa & Segurança anunciou, no final de fevereiro último, a venda de 20 aviões A-29 Super Tucano para a Forca Aérea dos Estados Unidos (USAF, na sigla em inglês), no valor inicial de U$D 427 milhões e possibilidade de chegar a U$D 955 milhões, contemplando 55 aeronaves. Trata-se de uma encomenda evidentemente significativa. Porém, mais do que isso, a Unidade de Negócios celebrou o fato de conquistar, pela primeira vez, um contrato militar com o governo dos Estados Unidos, o major mercado de defesa do mundo.
0 Super Tucano, turboélice de ataque leve e treinamento avançado, foi selecionado pela USAF para o programa LAS (Light Air Support) e será empregado em missões de treinamento avançado em voo, reconhecimento aéreo e apoio aéreo tático no Afeganistão. As aeronaves do programa LAS serão fornecidas em parceria corn a norte-americana Sierra Nevada Corporation (SNC) e construídas em Jacksonville, Florida, onde será instalada uma nova linha de montagem do modelo. "Esta escolha confirma que o A-29 Super Tucano é a aeronave mais efetiva para as operações LAS'; disse Luiz Carlos Aguiar, Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. "Nosso compromisso é avançar corn a estratégia de investimentos nos Estados Unidos e entregar o Super Tucano no prazo esperado e conforme o orçamento contratado."
0 projeto LAS é mais uma grande vitrine para a Embraer Defesa & Segurança no mercado internacional. Criada no final de 2010, a Unidade de Negócios esta presente em 48 países e mais de 50 Forças Armadas, tendo conduzido um bem-sucedido processo de aquisições e parcerias que resultou em uma abrangente linha de produtos de aeronaves militares, tecnologias de radar de última geração, aeronaves remotamente pilotadas (ARPs) e avançados sistemas de informação e comunicação como as aplicações de Comando, Controle, Comunicações, Computação e lnteligência, Vigilância e Reconhecimento (C41SR).
Beneficiando-se da grande experiência acumulada pela Embraer ao longo dos seus 43 anos de existência, a Embraer Defesa & Segurança detém grande capacitação na gestão e integração de sistemas complexos, credenciando-se para atuar em diversos setores da área de defesa, alem dos projetos aeronáuticos. Sao soluções integradas nas áreas de mobilidade e monitoramento, que servem às necessidades do Brasil e de países com os quais se mantém um bom relacionamento geopolítico.
Em apenas dois anos, a estratégia de diversificação já começou a dar resultados. Em 2012, o faturamento da Unidade de Negócios superou pela primeira vez a marca de USD 1 bilhão e já representa 17,1% da receita total da Empresa. Este ano, a previsão de crescimento da área é de 25%. Em 2012, a Embraer Defesa & Segurança e suas coligadas conquistaram contratos importantes no Brasil e no exterior, desde a venda de Super Tucanos na África e no sudeste asiático até a implementação da primeira fase do SISFRON (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) para o Exército Brasileiro, a integração do sistema do primeiro Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) do País e o desenvolvimento do Projeto LABGENE (Laboratório de Geração de Energia Núcleo-Elétrica), que integra o Programa Nuclear da Marinha do Brasil.
No início de 2013, foi anunciada a modernização de cinco aeronaves EMB 145 AEW&C, de Alerta Aéreo Antecipado e Controle, designadas E-99 na Força Aérea Brasileira (FAB). "Nossa visão é desenvolver soluções de alto valor agregado e, posteriormente, transforma-las em plataformas de exportação, gerando um ciclo virtuoso de criação de empregos e renda no Pais'; resume Aguiar
No entanto, o presidente da Embraer Defesa & Segurança esclarece que o segmento aeronáutico ainda será a principal força motriz de crescimento da Unidade de Negócios nos próximos anos. Em grande parte, isso se deve ao desenvolvimento da aeronave de transporte tático KC-390 para a FAB.
O KC-390 será o maior avião já fabricado pela indústria aeronáutica brasileira e estabelecerá um novo padrão para aeronaves de transporte militar de médio porte em termos de desempenho, capacidade de carga e custos de operação, além de contar com avançados sistemas de missão e de voo. O lançamento comercial da aeronave ocorreu durante a LAAD Defence &Security, feira internacional do setor realizada no Rio de Janeiro de 9 a 12 de abril. "Aproximadamente 2.000 aeronaves do mesmo segmento do KC-390 precisarão ser substituídas nos próximos dez anos, em mais de 70 países, em função da idade avançada, o que aumenta as oportunidades de exportação desse produto': afirma Aguiar.
A Embraer estima um mercado potencial de 700 aeronaves, até 2025, avaliado em mais de USD 50 bilhões. Por tudo isso, o KC-390 deverá representar um salto tanto em termos tecnológicos como na parte da receita da Empresa. O portfólio de aviação da Embraer Defesa & Segurança inclui ainda a família de aeronaves de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR) formada por três modelos derivados da plataforma do jato regional ERI145: Alerta Aéreo Antecipado e Controle (AEW&C), sistema Multi Intel (Sensoriamento Remoto e Vigilância), e Patrulha Marítima (MP). Vale destacar, também, os programas de modernização das aeronaves A-1, F-5 e E-99, operadas pela FAB, e do AF-1, da Marinha do Brasil.
O processo de aquisições e parcerias estabelecidas ao longo dos últimos dois anos foi fundamental para a Embraer Defesa & Segurança adicionar novas capacidades e, consequentemente, expandir o seu leque de produtos e soluções. Um bom exemplo é o Consórcio TEPROo, formado pelas empresas SAVIS Tecnologia e Sistemas S/A e OrbiSat Indústria e Aerolevantamento S/A, selecionado para o SISFRON. A SAVIS foi criada para atuar na gestão integrada de sistemas terrestres de defesa, como projetos de monitoramento e controle de fronteiras, estruturas estratégicas e recursos naturais.
A OrbiSat, por sua vez, é uma empresa especializada em sensoriamento remoto e radares de vigilância aérea e terrestre. A OrbiSat desenvolveu o COAAe (Centro de Operações de Artilharia Antiaérea) e o radar Saber M60. Os dois equipamentos, que operam em conjunto, serão empregados no SISFRON. O COAAe, desenvolvido em parceria com o CTEx (Centro Tecnológico do Exército) e a empresa RF Com, foi projetado para receber dados obtidos pelo radar Saber M60 e pelos postos de vigilância, integrá-los e transmiti-los para os operadores e para as unidades de tiro, auxiliando na tomada de decisões. O Saber M60 permite rastrear alvos em um raio de até 60 quilômetros e a uma altitude de até 5 mil metros, transmitindo as informações em tempo real ao COAAe.
Na área de sistemas estratégicos desenvolvidos para aplicações de comando, controle, comunicação, computação e inteligência, conhecidos pela sigla C41, a ATECH Negócios em Tecnologia possui experiência comprovada no desenvolvimento de soluções tecnológicas para ambientes críticos e complexos, tais como gestão do tráfego aéreo e sistemas de defesa.. Com experiência acumulada em diversos projetos de grande escala, como os sistemas de vigilância e proteção da Amazônia (SIVAM e SIPAM) e o desenvolvimento e integração de sistemas de missão para a aeronave de patrulha marítima P-3, operada pela Força Aérea Brasileira, a ATECH foi selecionada para o programa LABGENE.
A HARPIA Sistemas, joint-venture entre a Embraer Defesa & Segurança e a AEL Sistemas, subsidiária da ELBIT Systems de Israel, foi criada para atuar na área de ARPs. Em janeiro de 2013, a AVIBRAS também se tornou acionista da Harpia, trazendo sinergia de negócios e adicionando competências neste tipo de produto, como o projeto de desenvolvimento da aeronave Falcão. A HARPIA Sistemas também trabalha no desenvolvimento e produção de simuladores de voo, além da modernização de aviônicos e a integração de sensores optrônicos.
Já a portuguesa OGMA, com sede na cidade de Alverca, possui longa tradição na manutenção de aeronaves civis e militares, motores e componentes, bem como na fabricação e montagem de estruturas aeronáuticas. Por fim, a VISIONA Tecnologia Espacial foi criada para conceber, projetar, integrar e testar satélites no Brasil, a partir dos legados do Programa Espacial Brasileiro. É a empresa responsável pela integração do Sistema do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas do Brasil (SGDC), programa que terá aplicação civil e militar: expandir o programa de internet de banda larga com cobertura nacional e garantir o domínio das comunicações estratégicas na área de defesa.
Portfolio Diversificado
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ATECH Negócios em Tecnologia |
Soluções de comando, controle e inteligência com aplicações na área de defesa e controle de tráfego aéreo. É uma organização estratégica de defesa, responsável pela integração de projetos e sistemas relevantes para o País. |
HARPIA Sistemas |
Parceria entre a Embraer Defesa & Segurança, a AEL Sistemas e a Avibrás. Desenvolvimento de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARPs), bem como atividades de modernização e integração de sistemas aviônicos e simuladores de voo. |
OGMA | Com sede em Portugal, a OGMA atua na manutenção de aeronaves, motores e componentes para os mercados civil e militar. Também fornece estruturas aeronáuticas para os principais fabricantes do mundo. |
ORBISAT Indústria e Aerolevantamento |
Empresa de base tecnológica especializada no desenvolvimento e produção de radares de vigilãncia e de abertura sintética, além de serviços de Sensoriamento Remoto. provendo soluções técnicas inovadoras. |
SAVIS Tecnologia e Sistemas |
Dedicada a desenvolver, projetar, certificar, industrializar, integrar e implantar sistemas e serviços nas áreas de Monitoramento de Fronteiras e Proteção de Estruturas Estratégicas, compromissada com a autonomia tecnológica do País. |
VISIONA Tecnologia Espacial |
Parceria com a Telebras, focada inicialmente na integração do sistema do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas do governo brasileiro |