Nota DefesaNet
Texto em inglês
O editor
A ESPIONAGEM CHINESA
André Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos
Embora existam ferramentas de alta tecnologia como a vigilância eletrônica, o monitoramento do tráfico de mensagens digitais e as operações financeiras online, a espionagem tradicional, aquela realizada por fontes humanas, conhecida como HUMINT, com a inflitração de agentes em instituições públicas e privadas, nunca deixou de existir. Atualmente, com a disputa acirrada por mercados econômicos internacionais entre EUA e China, o assunto retornou ao debate com grande intensidade e preocupação.
Para algumas autoridades estadunidenses como John Ratcliffe, Diretor de Inteligência Nacional e Mike Pompeo, Secretário de Estado, a China vem concentrando seus esforços em membros do Congresso Norte-Americano, representando a maior ameaça à democracia e à liberdade, desde a Segunda Guerra Mundial enquanto a infiltração nas universidades norte-americanas reprimem as críticas a Pequim e reforçam a propaganda comunista entre a juventude com o oferecimento de intercâmbios culturais e distribuição de bolsas de pesquisa por meio de institutos de fachada.
Aliás, esta foi uma tática amplamente aplicada nas universidades brasileiras entre as décadas de 1950 e 70, pelos soviéticos, com excelentes resultados, em especial, no recrutamento ideológico por meio da propaganda. (New York Post – By Miranda Devine, December 13, 2020)
Em meio a esta polêmica, outros episódios têm contribuído para mantê-la acirrada. O mais recente foi o vazamento de que um banco de dados contendo registros de membros do Partido Comunista Chinês (PCCh), por do aplicativo de mensagens criptografadas Telegram em 2016 e divulgado no mes de dezembro de 2020 para um grupo internacional de legisladores denominado Aliança Interparlamentar na China (AIC) expondo uma infiltração massiva em filiais chinesas de empresas norte-americanas como a Pfizer, Boeing e Qualcomm.
Ademais, os ataques cibernéticos e invasões a sistemas de empresas em território estadunidense se multiplicaram no biênio 2019-2020, segundo alegam estas autoridades, incluindo vazamentos de assuntos considerados de segurança nacional, ligados a tecnologias das forças armadas.
Pelo que vem sendo noticiado na mídia estadunidense, os EUA vem sofrendo constantes ataques da China, por meio de ações da espionagem tradicional e da ciberespionagem, em busca de segredos tecnológicos, numa verdadeira guerra de bastidores. Até que ponto todos os fatos que vem sendo explorados são verdade e em que intensidade acontecem, não saberemos e as provas deste contexto são pouco robustas. A única certeza é a de que ambos os países possuem grande expertise em espionagem e com ferramentas similares.
Contudo, não esta descartada a hipótese de uma campanha de dissimulação governamental para desviar a atenção internacional do forte golpe sofrido pela primeira economia do mundo, com a pandemia de Covid-19 além dos 365 mil óbitos já registrados. Culpar a China pela disseminação intencional do vírus pode fazer parte da mesma estratégia que ao final, permanece apenas no campo psicológico, face aos interesses comerciais envolvidos.