Militares e policiais federais disputam o comando da segurança imediata do presidente Lula.
Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General Marcos Amaro (esq) e presidente Luiz Inácio Lula da Silva 04.05.2023 Foto: RICARDO STUCKERT
Por Roseann Kennedy
Estadão
15 Junho 2023
Disputa de poder entre militares e a Polícia Federal para ter o comando da segurança imediata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se intensificar nos próximos 15 dias. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) tem uma proposta para absorver os policiais federais que hoje fazem o serviço e passar a geri-los. Mas o assunto é tratado como algo “risível” nos corredores da PF.
O ministro do GSI, general Marcos Amaro, vai sugerir que os policiais federais sejam incorporados ao gabinete. Eles ficariam como servidores cedidos, sob comando do general, e teriam de fazer novos treinamentos, de oito semanas, iguais aos dos militares.
“Temos interesse que haja a participação dos policiais federais, desde que seja a mesma unidade de comando. Precisamos trabalhar todos na mesma filosofia e o que buscamos é uma solução”, afirmou o ministro à Coluna. O general disse que está aberto ao diálogo, que quer ouvir o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, sobre o tema e ressaltou que a principal avaliação terá de ser do presidente Lula.
A segurança presidencial sempre ficou a cargo do GSI. Mas, ao assumir o governo, Lula deixou clara sua desconfiança em parte dos membros das Forças Armadas, devido à ligação deles com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e decidiu criar a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República e entregar o comando à Polícia Federal. O decreto que criou o órgão caduca a partir de 30 de junho e, exceto que a medida seja reeditada, a secretaria será extinta.
A Polícia Federal e o secretário extraordinário Aleksander Castro de Oliveira aguardam a decisão do presidente e não querem falar sobre o assunto. Mas trabalham pela manutenção da Secretaria.
Como revelou a Coluna, após as mudanças no GSI em abril, com a exoneração do general Gonçalves Dias e uma enxurrada de demissões no gabinete, Lula foi convencido de que com a sua segurança pulverizada, dividindo funções entre militares e federais, ele não saberá nem a quem demitir se houver algum problema. Também foi orientado que o comando dos militares é mais centralizado e garantiria maior disciplina. Segundo interlocutores, faltava o presidente convencer a primeira-dama, Janja da Silva, que não se sente confortável cercada de militares.