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Fabricação conjunta fez a diferença


Vianney Riller Jr
É piloto de teste e analista da Agência DefesaNet

A longa competição para modernização e substituição da velha frota de aviões de combate da Força Aérea Brasileira parece ter chegado ao fim. No caminho, um anúncio precipitado entre caipirinhas e croissants, um flerte com Tio Sam, desfeito entre denúncias de uma bisbilhotice indiscreta. Enfim, a dois dias da aposentadoria dos Mirage 2000 e 15 anos após o início do primeiro certame, o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Juniti Saito, anunciaram o sueco Gripen como o novo caça a defender o espaço aéreo brasileiro. O caça da Saab veio para a disputa munido de sua mais importante arma: a oferta de fabricação conjunta com o Brasil para todo o mercado mundial.

A Saab já projeta exportações do Gripen Made in Brazil. Segundo os executivos da empresa, "o Brasil é a chave para a América Latina" A proposta da Saab incluiu a participação brasileira em 80% da produção estrutural do Gripen NG Brasil e do Gripen para exportação, sendo 40% do caça desenvolvido no Brasil.

O item mais polêmico em relação ao Gripen é sua turbina americana. A GE Aviation é responsável pelo turbo jato com pós-combustão F414G, com uma taxa de empuxo superior a 22 mil lb (98 kN), gerando 20% mais empuxo que o atual Volvo Aero RM12 do Gripen C/D.

Um dos feitores decisivos na escolha do Gripen NG foi o custo para voá-lo. A fabricante sueca defende que o NG terá o mais acessível custo operacional dentre os caças concorrentes (na atualidade, em tomo de R$ 30.220,00 por hora de voo dos modelos C/D, segundo um brigadeiro da SAAF (South African Air Force), operadora do Gripen).

A grande pergunta sobre o vencedor foi a última da coletiva que tratou do anúncio. Se o modelo NG estaria já voando em alguma Força Aérea. O comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito, respondeu que já há um protótipo voando, mas na estrutura de um modelo D, com alterações de configuração de trem de pouso e com os componentes eletrônicos (aviônicos e sistemas de armas) mais avançados, previstos para equiparem o Gripen NG.

Os dois gumes da faca, digo, da questão, são que o Gripen NG traz as vantagens e riscos de um processo de desenvolvimento, uma vez que a SAAB optou por partir do seu modelo C/D. Contudo, ela declara que o novo modelo E aproveitará apenas 10% de seu antecessor.

Em termos de design, o fabricante sueco não aposta nos mesmos critérios de furtividade adotados pelos concorrentes perdedores. No seu entendimento, o sistema de evasão ao radar deve ser mais amplo. Eles buscam, na verdade, valer-se das próprias características da aeronave para dificultar o rastreamento pelo inimigo. •

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