Na foto agentes de segurança verificam o carro que explodiu na noite de 13NOV2024 em Brasília Foto web
André Luís Woloszyn
Analista de assuntos Estratégicos
As duas explosões ocorridas em Brasília (13) em um veículo no estacionamento na Câmara dos Deputados e em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) causando uma morte é um episódio inédito, desde a explosão ocorrida no Riocentro, em 30 de abril de 1981. Em 2024, houve uma tentativa no mesmo local que não se concretizou por imperícia do (s) autor(es).
Ainda que as informações sejam vagas, este episódio possui características de uma ação do terrorismo nacional ou doméstico, definido como atos de violência praticados por nacionais contra alvos, quer instalações ou pessoas, em seu próprio país. A natureza imprevisível dos atos, seu caráter de anomia e a sensação de insegurança que acarreta com a suspensão dos trabalhos naquelas instituições são fatores condicionantes deste fenômeno.
É possível afirmar que houve preparação para o ato uma vez que o local escolhido é simbólico e de alta relevância, área onde estão localizados o Supremo Tribunal Federal (STF), próximo ao Congresso Nacional, Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Palácio do Planalto. Outro ponto que merece destaque é a hipótese de que não desejava causar vítimas, mas chamar a atenção, caso contrário, teria realizado a ação durante o dia, onde a circulação de pessoas seria maior, aumentando exponencialmente os riscos.
Mesmo que os explosivos não possuíssem grande potencial de impacto que possibilitasse danos significativos, o fato de causar pânico, expor as vulnerabilidades daquela área, considerada de alta segurança, e obter a atenção da mídia nacional e internacional cumpre o objetivo de um atentado desta natureza.
Junto a estátua da Justiça o jaz corpo ainda não identificado neste momento. Foto web
É alta a probabilidade de que o perpetuador do atentado, seja a única vítima ou mesmo terceiros, tenha calculado erradamente o tempo e a capacidade da explosão, o que aponta para o fato de não ter expertise em explosivos, tampouco em técnicas de evasão, exceto se seu objetivo fosse praticar um atentado suicida, o que é pouco provável.
Lobo solitário ou grupo, independente das investigações, o episódio abre um precedente para que outras pessoas, insatisfeitas com a política governamental, possam tentar reproduzir a ação pelo princípio do espelhamento. Também não está descartada a hipótese de que o episódio chame a atenção de grupos terroristas internacionais para outros alvos em território brasileiro que simbolizem países envolvidos na guerra Hamas, Hezbollah contra o Estado de Israel.