DISPUTA PELO PODER NO BRASIL E A BRIGADA DA MELANCOLIA
Carlos Alberto Pinto Silva[1]
No Brasil de hoje, devido à ação da grande imprensa e dos partidos de esquerda que não aceitaram a vitória da direita nas eleições presidenciais de 2018, existem muitos motivos que explicam o inconformismo de um segmentoda sociedadee essa insatisfação permanente tem se tornado um substituto para o pensamento construtivo e a razão.
A existência da democracia no Brasil depende do livre e independente funcionamento de suas instituições, de estabilidade política e da aceitação da alternância do Poder político de forma ordenada.
Apesar da campanha eleitoral ter demonstrando a força das novas tecnologias de comunicação e informação na atuação política, o uso da internet, no Brasil, para buscar transformações sociais e políticas de maneira contínua e reiterada, ainda é muito embrionária, e parece estar perdendo a luta pelo Poder com a grande imprensa.
Observar um novo governo sobrepujar um antigo, inevitavelmente suscita comparações entre os dois. Aqueles que se beneficiaram do passado corrupto e antiético, ou que chegaram a bons termos com ele, formam a “brigada da melancolia”, elogiando e romantizando o que ficou para trás e comparando com o amanhã, que por sua vez ainda está incompleto.
O novo governo brasileiro enfrenta, ainda, as mensagens apocalípticas de um vasto movimento ambiental, interno e externo, antes progressista, mas que hoje representa, no Brasil, a esquerda socialista e a social democracia, ambas derrotadas fragorosamente nas últimas eleições, e que aparentam concentrar-se a repetir o bordão “diga não” e a acusar o Brasil de estar destruindo a Amazônia e ser contra a defesa do meio ambiente.
Quando a era do conhecimento e da tecnologia passa a ser o recurso econômico crucial e as redes eletrônicas e os meios de comunicação tradicionais se convertem em uma estrutura crítica, aqueles que dominam o conhecimento e os meios de comunicação tradicionais e eletrônicos se apoderam de grande poder político.
Um indício a respeito do que falamos acima foi a influência política radicalmente maior dos meios de comunicação tradicionais, nunca, até aquele momento, tão evidente como durante as eleições norte-americanas de 1992,quando somente uma cadeia de televisão, a CNN, desempenhou um papel decisivo na derrota do Presidente George Bush. Somente um ano antes, a mesma CNN, em sua ampla cobertura da guerra do Golfo, havia contribuído para elevar até números extraordinários a popularidade do presidente. Quanto ao meio eletrônico, no Brasil assistimos e participamos do trabalho em rede que possibilitou a vitória do presidente Bolsonaro.
É importante ressaltar que os meios de comunicação tradicionais e eletrônicos fazem algo mais que influenciar resultados eleitorais. Ao concentrar as câmeras e mensagens, primeiro em uma crise, e, quase da noite para o dia, em outra, os meios determinam cada vez mais as agendas, e obrigam os políticos a abordar uma corrente constante de crises e controvérsias.
O efeito é uma aceleração da vida políticaque força o governo a tomar decisões cada vez mais complexas num ritmo que se faz mais rápido a cada dia.
Apesar do aumento da influência da comunicação eletrônica (Redes sociais) na política, os meios tradicionais mantiveram sua grande força e a antiga contenda pelo Poder se converteu em uma luta de grupos na qual participam, constituindo combinações momentâneas, políticos, burocratas, membros do judiciário e os que dirigem os meios de comunicação tradicionais.
No Brasil de hoje, a luta pelo Poder continua, e ao que parece,até que o governo consiga conquistar a maior parte da sociedade com suas realizações, ou a grande imprensa vença o terceiro turno, com a guerra midiática interna e externa posta em execução contra o governo Bolsonaro, aliada à esquerda brasileira, e, assim, crescendo vertiginosamente os riscos políticos de consequências inimagináveis e se multiplicando os erros de cálculo.
A grande dificuldade para as autoridades e instituiçõesdos Estados Democráticos, na atual conjuntura, é de se ver presa pelo grande desafio de interpretar quando intervir, ou não, na luta pelo Poder sem ferir o regime democrático.
Ideias pesquisadas nos livros abaixo e adaptadas a atual conjuntura brasileira:
– Las Guerras del Futuro – La supervivência em el alba del siglo XXI – Alvin e Heidi Toffler- Capítulo XXI – La Zona de Ilusión.
– Riqueza Revolucionária – O Significado da Riqueza no Futuro – Alvin e Heidi Toffler – Capítulo Cinquenta – O Prólogo é Passado.
[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.