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‘Criminosos se sentem livres para matar no Brasil’, diz especialista de segurança no Le Monde

O jornal Le Monde que chega às bancas nesta terça-feira (16) traz uma reportagem sobre a violência no Rio de Janeiro, denunciando a ineficácia das operações policiais para conter a criminalidade.

(RFI) “No Brasil, Lula derrotado pela ascensão do crime organizado” é o título do texto assinado pela correspondente francesa Anne-Dominique Correa. Ela relata a troca de comando em uma das principais milícias do estado do Rio de Janeiro, descrita pelo Le Monde como um “grupo paramilitar criminoso formado por ex-policiais”. 

A reportagem relembra a promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “retirar o poder do crime organizado” ao anunciar o destacamento de 3.700 militares para patrulharem portos e aeroportos do país. Uma operação “não planificada” e que teve apenas “efeito paliativo”, avalia Bruno Longeani, expecialista em segurança no Instituto “Sou da Paz”, ouvido pelo Le Monde.

“Os criminosos se sentem livres para matar a qualquer hora do dia, em qualquer cidade, sem medo de serem presos”, denuncia o advogado. Para ele, somente “um reforço da inteligência, prevenção e coordenação entre a polícia estadual e as forças federais” poderiam resultar em uma mudança efetiva. 

O texto segue explicando que “a multiplicação de episódios de violência no Rio de Janeiro testemunha a progressão do crime organizado, que controla a metade do território fluminense”. 

O Le Monde ainda cita o crescimento da violência na Bahia, que tem “a segunda maior taxa de homicídios do país, com 47 mortos por 100.000 habitantes, o dobro da média nacional”, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

A Amazônia também é citada por fazer fronteira com vários países produtores de cocaína. A região se tornou “o principal centro do tráfico de drogas da América Latina”, além de abrigar “traficantes de animais selvagens, gangues de desmatamento e garimpo ilegal”. 

Calcanhar de Aquiles 

Para o Le Monde, “os criminosos não representam apenas um desafio para a polícia, mas para o governo que não consegue manter a sua agenda política e cumprir objetivos sociais e ambientais”. 

O texto termina dizendo que a segurança pública se tornou o “calcanhar de Aquiles do governo brasileiro”, já que 47% das pessoas ouvidas numa pesquisa recente consideram a política de segurança do governo Lula “muito ruim”.  Pela primeira vez em seis anos, 60% dos brasileiros ouvidos nesse tipo de sondagem consideram “a criminalidade o principal problema do país”, mais grave do que a corrupção ou a economia. 

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