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Yoani Sanchez e a Desinformatsiya

 

André Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos


Lamentável a forma com está sendo recebida no Brasil a  jornalista e blogueira  cubana, Yoani Sánchez, considerada a maior crítica do regime de Fidel Castro. Em pleno séc.XXI, é inimaginável uma pessoa ser hostilizada por pensar de forma diferente, apresentar uma  outra visão, mesmo que esta não se encaixe em nossas crenças e verdades. E, especialmente, uma estrangeira, em visita a convite de parlamentares a um  país que se orgulha em viver sob o estado democrático de direito, tendo sido uma dura conquista da sociedade.

O que agrava ainda mais o episódio foi o fato de que muito antes de sua visita, agentes da desinformatsiya elaboraram  um dossiê de mais de 200 páginas que foi distribuído a autoridades e  segmentos selecionados da imprensa brasileira e serviu de  apoio a alguns movimentos sociais para manifestos contra a ativista,  utilizando uma antiga técnica soviética de desinformação, amplamente aplicada pela KGB, o serviço secreto da extinta URSS, durante o período da Guerra Fria. A finalidade, é, obviamente, a  de minar sua reputação, reduzindo a credibilidade de seus textos e artigos.

Neste particular, a  Constituição brasileira  prevê  o  exercício do livre pensamento e da livre expressão,e exatamente pela existência deste dispositivo legal, foram recebidos fidalgamente alguns ativistas no passado como o francês José Bovê, participante do I Fórum Social Mundial, e o italiano Cesare Batisti,  que autografou seu livro “Ao pé do muro” e que vive atualmente no Brasil,  sendo  ambos,  figuras controversas  em seus países de origem.

Bovê é considerado um anarquista na França, Batisti um criminoso na Itália e Sánchez, um instrumento financiado pelo imperialismo americano e europeu com o objetivo de desestabilizar a heroica resistência do povo cubano. A diferença toda está, basicamente, no alinhamento ideológico destes três personagens e neste sentido, o ideólogo comunista Antônio Gramsci já preconizava “não ataquem blindados, ataquem ideias para gerar dúvidas”. 

E o mais lamentável ainda é que, ao contrário do  que pensávamos, ainda existem no país  muitos seguidores de Will Münzenberg, o radical alemão idealizador da expressão inocentes úteis, pessoas alheias, dispostas a defender com ardor qualquer ideia que lhes seja apresentada, independentemente do contexto em que estejam inseridas.  

* Desinformatsiya – Palavra de origem russa. Significava as açôes implantadas pela União Soviética de "Desinformação" 

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