A Venezuela celebrou nesta quinta-feira o 202º aniversário do início de sua independência sem a presença do presidente, Hugo Chávez, e praticamente sem informação sobre a evolução médica do governante, que se encontra em Cuba desde o sábado em tratamento de radioterapia. O presidente se submete à fase final do tratamento de radioterapia que começou no final de março em Havana, mas nem Chávez nem seus colaboradores fizeram comentários sobre o andamento desse processo nos últimos dias.
Chávez comentou temas nacionais através da rede social Twitter e recorreu a comunicados oficiais para avaliar a realidade internacional, como fez na segunda-feira para apoiar a decisão da presidente argentina, Cristina Kirchner, de expropriar a maioria acionária da companhia petrolífera espanhola Repsol na YPF. No entanto, há cinco dias o presidente não se comunica telefonicamente em atos governamentais ou com o canal de televisão estatal para fazer seus comentários, como veio fazendo ao longo de seu tratamento.
Nesta quinta-feira, ele se limitou a comentar no Twitter os discursos de seus ministros em diferentes atos de Governo que ao longo do dia foram transmitidos pelo canal de televisão estatal. "Só o socialismo pode resolver o drama da moradia para todo o povo, já que os fatores de produção são de propriedade social!", disse Chávez no Twitter pouco antes de felicitar o ministro do Petróleo, Rafael Ramírez, por suas explicações sobre os projetos de construção de casas, do qual é responsável.
Posteriormente ele elogiou seu ex-ministro de Defesa e aspirante ao governo de Nova Esparta (nordeste), Carlos Mata; o ministro de Estado para a transformação da Grande Caracas, Farruco Sesto; as Forças Armadas e o responsável de Defesa, Henry Rangel Silva, por distintos discursos. Chávez não fez comentários sobre os atos comemorativos do 202º aniversário do início da independência, nos quais, durante a manhã, seu nome voltou a estar na boca dos representantes do governo.
"Sem dúvidas, sem Chávez e sem revolução, talvez a história gloriosa que deixaram nossos libertadores tivesse continuado sepultada, calada", disse o chanceler, Nicolás Maduro, a jornalistas. Chávez completa nesta sexta-feira dez meses desde que foi operado de um tumor na região pélvica em Cuba, uma cirurgia da qual o governo informou apenas que o tumor maligno tinha o tamanho de uma bola de beisebol. Uma recorrência desse câncer lhe obrigou a passar novamente pela sala de cirurgia, no dia 26 de fevereiro, quando passou pela extração de um tumor de dois centímetros.
Chávez tem permissão da Assembleia Nacional para permanecer em Cuba até que finalize as duas últimas sessões dos cinco períodos de radioterapia, que segundo disse o próprio governante antes de partir, é um tratamento duro e preferia não ter que ficar entre idas e vindas. A ausência física do presidente contrasta com a presença constante que o governo concede a sua figura, seja na televisão estatal, onde são transmitidos regularmente fragmentos de discursos e canções de apoio ao presidente, ou inclusive nos institutos e organismos públicos através de material de propaganda oficial.
Enquanto isso, o candidato da oposição às eleições de outubro, Henrique Capriles, liderou vários atos políticos no estado central de Miranda, onde é governador. Capriles comentou as denúncias do ex-magistrado do Tribunal Supremo Eladio Aponte, destituído por supostos vínculos com o narcotráfico e que denunciou nos Estados Unidos que o Governo venezuelano manipula a Justiça em seu país. "Eu lia as declarações deste senhor e dizia, Deus meu de verdade, saberá nosso povo isto?", afirmou sobre o tema que dominou a agenda política do dia na Venezuela. "Eu quero um país onde todos sejamos iguais perante a lei, todos", acrescentou.
O aspirante a evitar a terceira reeleição de Chávez também recorreu à rede social Twitter para comentar a data comemorativa. "Ser independente é ter segurança, educação, saúde, moradia e um emprego com qualidade em troca de nada, apenas pela condição de cidadão", disse. "Pretendemos continuar lutando com esforço pela independência do venezuelano, ser independente é não ser submetido a chantagem por nenhum governo", acrescentou.