A União Europeia (EU) exigiu nesta quarta-feira (04/02) um cessar-fogo imediato entre as parte em conflito no leste da Ucrânia, para que civis possam deixar a zona de combate. "Os civis devem poder deixar a zona de conflito de maneira segura", disse a chefe da política externa da EU, Federica Mogherini, em comunicado.
Para isso, ela pediu por uma trégua de no mínimo três dias em torno do entroncamento ferroviário em Debaltseve, que conecta as bases separatistas em Donetsk e Luhansk. "O bombardeio de civis, onde quer que aconteça, é uma violação grave do direito internacional humanitário.
A artilharia deve ser imediatamente retirada de áreas residenciais", disse Mogherini, no mesmo dia em que ao menos quatro pessoas morreram em um bombardeio perto de um hospital em Donetsk.
"A espiral crescente de violência no leste da Ucrânia precisa parar", concluiu Mogherini.
Os combates continuaram em torno de Debaltseve nesta quarta-feira, com os separatistas alegando estarem perto de tomar o controle da área. Milhares de civis fugiram da cidade. A Anistia Internacional afirmou que a população local se reduziu de 25 mil para 7 mil pessoas. O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, disse que 2.500 habitantes da cidade sitiada foram levados a lugares seguros.
"O bombardeio é ininterrupto. Estamos tentando levar medicamentos e proteger civis do fogo inimigo", afirmou um funcionário do governo de Debaltseve.
O Exército ucraniano alegou que os separatistas iniciaram um ataque de infantaria, mas que foram repelidos depois de cinco horas. No entanto, segundo o porta-voz do Exército, Andrey Lyssenko, quatro soldados e oito civis foram mortos na região nas últimas 24 horas.
Mais cedo, nesta quarta-feira, um bombardeio atingiu o entorno de um hospital na cidade de Donetsk, matando ao menos quatro pessoas. Uma das vítimas estava na entrada do hospital e foi atingida pelos estilhaços das janelas que foram quebradas pelas explosões. Segundo a agência de notícias Associated Press, além do hospital, seis escolas e cinco jardins de infância foram danificados.
Segundo a ONU, os combates entre militares ucranianos e os separatistas pró-Rússia já custou a vida de mais de 200 pessoas nas últimas três semanas.
Nesta quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, é aguardado para conversações em Kiev. O seu homólogo ucraniano, Pavlo Klimkin, segue afirmando que o Exército da Ucrânia precisa de armamento de guerra mais moderno. Recentemente, Alemanha e França negaram o envio de armas para o leste ucraniano. No entanto, de acordo com relato da imprensa americana, o governo e as Forças Armadas dos Estados Unidos estariam considerando abandonar a relutância inicial e fornecer armas à Ucrânia.
"Não há solução militar para conflito na Ucrânia", diz vice de Obama
O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung que não vê uma solução militar para a crise na Ucrânia. A declaração foi dada em meio a discussões sobre um possível fornecimento de armas pelos americanos ao país europeu.
"Nós dissemos, logo após o seu início, que não haveria solução militar para essa crise, apesar de a Rússia aparentemente tentar forçar uma solução desse tipo", declarou Biden, em entrevista publicada nesta quinta-feira (05/02).
Segundo ele, os Estados Unidos não têm qualquer interesse no acirramento do conflito militar e insistem para que aconteça o contrário.
O vice-presidente disse ainda que a Ucrânia tem todo o direito de se defender e que os Estados Unidos vão ajudar o país a fazê-lo. Na prática, isso significa que os EUA vão continuar fornecendo material não letal a Kiev, como coletes à prova de bala, equipamento médico e aparelhos de visão noturna.
Biden fez duras críticas à Rússia, a qual acusou de ser a verdadeira agressora no conflito, além de tê-lo iniciado. Segundo ele, muitos separatistas foram recrutados na Rússia e recebem armamento dos russos, além de apoio financeiro. Tropas russas também cruzaram a fronteira para se unir aos rebeldes, afirmou o vice-presidente.
"A Rússia agride a soberania e a integridade territorial da Ucrânia – e esses são os dois principais pilares da ordem mundial no pós-Guerra", afirmou.
Biden deverá encontrar-se no sábado com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, à margem da conferência internacional sobre segurança em Munique, no sul da Alemanha.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, é esperado nesta quinta-feira em Kiev, onde deverá se encontrar com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e com o primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk.
Em entrevista a outro jornal alemão, o diário Die Welt, Poroshenko apelou aos membros da Otan para que enviem armas à Ucrânia para que o país se "defender do agressor".
França e Alemanha lançam nova iniciativa de paz na Ucrânia
França e Alemanha iniciam nesta quinta-feira (05/02) uma nova ofensiva diplomática para tentar solucionar o conflito militar no leste da Ucrânia.
A chanceler federal Angela Merkel e o presidente François Hollande viajam nesta quinta-feira para Kiev, onde vão se encontrar com o presidente Petro Poroshenko. De lá, eles partem para Moscou, onde terão uma reunião com o presidente Vladimir Putin.
Hollande disse que ele e Merkel querem apresentar uma nova proposta para acabar com o conflito no leste ucraniano. A proposta prevê o respeito à integridade territorial da Ucrânia. Segundo ele, os dois líderes trabalharam durante dias num novo texto, que seja aceitável para todos os lados.
Apesar de eles terem optado pela diplomacia, as negociações não podem continuar para sempre, acrescentou Hollande. "Não é certo que teremos sucesso, mas jamais saberemos se não tentarmos", afirmou o presidente sobre a nova iniciativa diplomática.
Merkel declarou, por meio de um porta-voz, que, diante do aumento da violência nos últimos dias, ela e Hollande intensificarão os seus esforços em prol de uma solução pacífica para o conflito entre o governo ucraniano e rebeldes separatistas pró-Rússia.
Nesta quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, também estará em Kiev para encontros com Poroshenko e o primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk.