"O cerco a várias cidades, incluindo Deraa e Jisr al-Shugur, deve acabar sem demora", acrescentou. Ashton sublinhou que os responsáveis pela violência e mortes devem responder pelas suas ações, conforme foi solicitado pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em 29 de abril.
A comissária europeia afirmou ainda estar profundamente preocupada com a situação humanitária causada pelas ações das autoridades sírias e pediu acesso imediato e irrestrito para os observadores internacionais de direitos humanos e agências humanitárias, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Ashton disse que a UE defende a condenação da repressão na Síria pelo Conselho de Segurança da ONU, assim como pretende pressionar as autoridades do país para atender as legítimas aspirações do povo sírio.
Também os Estados Unidos pediram à Síria que acabe com a violência contra os manifestantes, advertindo que a ofensiva do governo no norte do país criou uma crise humanitária.
"Os EUA instam o governo sírio a cessar essa violência e dar ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha acesso imediato e sem restrições a essa região para ajudar os feridos, detidos e civis" afetados pela crise interna, declarou a Casa Branca, em comunicado.
Conselho de Segurança
As Nações Unidas também condenaram o uso de tropas contra os manifestantes, ordenado pelo presidente Bashar. A ação é inaceitável, afirmou o secretário-geral Ban Ki-moon, que exigiu reformas no país. Ban Ki-moon ligou para Assad neste sábado, mas o líder sírio se recusou a atender o telefonema.
Alemanha, França, Reino Unido e Portugal defendem a aprovação de uma resolução pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, exigindo o fim imediato do uso da violência na repressão aos manifestantes na Síria, bem como o fim imediato do cerco militar imposto a diversas cidades do país. Ao contrário do que ocorreu com a Líbia, o projeto de resolução não faz referência a qualquer intervenção militar ou a sanções contra o regime.
Neste sábado, Rússia e China boicotaram uma reunião do Conselho de Segurança para debater a resolução. "Rússia e China não consideraram necessárias suas presenças", afirmou um diplomata do Conselho à agência de notícias Reuters. Um outro diplomata qualificou a postura como "uma mensagem muito clara". Os dois países já manifestaram não estar de acordo com o debate sobre a Síria no Conselho.
Já o ministro britânico do Exterior, William Hague, voltou a defender neste domingo uma posição clara do Conselho de Segurança por meio da condenação da violência empregada pelo regime contra os manifestantes.
Violência continua
O Exército sírio entrou neste domingo com tanques e helicópteros na cidade de Jisr al-Shugur, na província de Idleb, segundo informações de moradores ouvidos pela Reuters. Os confrontos entre militares e supostos grupos armados teriam resultado na morte de ao menos duas pessoas, afirmou a televisão síria.
Os dois mortos, segundo a televisão estatal, são membros de bandos armados a quem as autoridades sírias acusam de ter matado 120 pessoas em Jisr al-Shugur, em 6 de junho.
A agência de notícias turca Anadolu informou que já passa de 5.000 o número de pessoas vindas da Síria que se encontram em campos de refugiados na Turquia, nas localidades de Yayladagi e Altinozu. Esses dois campos já estão lotados e já está sendo preparado um terceiro, com capacidade para mais 5.000 pessoas.
O ministro turco do Exterior, Ahmet Davutoglu, assinalou no sábado que a grande maioria das pessoas nos campos é composta por mulheres, crianças e idosos. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, tradicional aliado do presidente Assad, endureceu o seu discurso e qualificou de "brutalidade" a repressão contra a população civil na Síria.
A Turquia teme que a violência na Síria possa provocar a fuga de centenas de milhares de sírios e criou um gabinete de crise para enfrentar este cenário.
Desde meados de março ocorrem protestos em várias cidades da Síria em prol de reformas democráticas e que têm sido reprimidos pelas forças de segurança. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, já morreram 1.233 civis e 333 militares e policiais devido à repressão dos protestos que se intensificaram e se estenderam por todo o país.
AS/lusa/rtr/afp
Revisão: Carlos Albuquerque