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Ucrânia pede que EUA e Grã-Bretanha garantam sua soberania

O Parlamento ucraniano votou nesta sexta-feira uma resolução que pede que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha garantam sua soberania depois que homens armados tomaram o controle, durante a noite, de dois aeroportos da Crimeia.

Estados Unidos, Grã-Bretanha e Rússia se apresentaram como fiadores da independência da Ucrânia no Memorando de Budapeste, assinado em 1994, em troca de que o país renunciasse às armas nucleares após a queda da União Soviética, da qual formava parte.

O texto pede que os países fiadores "confirmem seus compromissos" com a Ucrânia e iniciem "consultas imediatas com ela para diminuir a tensão".

O conselho de segurança nacional e de defesa foi convocado para abordar a situação da Crimeia, anunciou o presidente interino, Olexander Turchinov, no Parlamento. Segundo ele, os homens armados que ocupam desde quinta-feira o governo e o Parlamento da Crimeia em Simferopol são "terroristas armados que agem sob bandeira russa".

Nesta sexta, o ministro do Interior interino da Ucrânia, Arsen Avakiv, acusou as forças russas de "invasão armada e ocupação", depois que homens armados tomaram o controle de dois aeroportos da Crimeia, um deles militar.

Rússia nega ocupação militar

A Frota do Mar Negro da Rússia, com base na cidade de Sebastopol, no sul da Ucrânia, negou nesta sexta-feira que seus militares ocuparam o aeroporto dessa cidade na península da Crimeia, conforme denunciou horas atrás o ministro do Interior da ex-república soviética, Arsen Avakov.

"Nenhum destacamento da Frota do Mar Negro foi mobilizado na região do Belbek (aeroporto de Sebastopol), muito menos participaram de seu bloqueio", destacou um porta-voz oficial da frota. No entanto, reconheceu que "devido à instabilidade em torno dos quartéis e dos locais de residência dos militares da Frota do Mar Negro na Crimeia, destacamentos antiterroristas da frota foram acionados para reforçar a segurança".

O ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, denunciou hoje o bloqueio por militares russos dos aeroportos de Sebastopol e Simferopol, a capital da Crimeia, ações que classificou como "invasão militar e ocupação".

"Dentro do aeroporto (de Sebastopol) há militares e guardas de fronteiras da Ucrânia. Mas fora, militares com uniformes com camuflagem e armados, sem distintivos, mas que não escondem pertencerem à Frota do Mar Negro da Rússia", escreveu Avakov em seu perfil do Facebook.?

Em Simferopol, "119 militares com armas automáticas, uniformes camuflados e sem distintivos, chegaram ao aeroporto em vários caminhões, entraram no edifício e ocuparam o restaurante", denunciou Avakov.

"É uma provocação aberta para suscitar um conflito armado e causar derramamento de sangue. Já não é mais competência do Ministério do Interior. Quem deve se encarregar agora é o Conselho de Segurança e Defesa Nacional. Enquanto não houver um conflito armado, devem falar os diplomatas", concluiu.

Grupos armados similares tomaram ontem as sedes do Parlamento e do governo da república autônoma da Crimeia. Também ontem, o Legislativo da península aprovou a realização de um referendo, no próximo dia 25 de maio – a mesma data em que acontecerão as eleições presidenciais antecipadas ucranianas -, sobre a ampliação das competências da república autônoma.

"Você apoia a autodeterminação da Crimeia dentro da Ucrânia com base em acordos e tratados internacionais?", diz a pergunta que será apresentada para consulta popular. Cerca de 2 milhões de habitantes vivem na Crimeia, quase 60% deles são de etnia russa, 25% ucranianos e 12% tártaros.

Os russos da Crimeia acusam as novas autoridades em Kiev de usurpação do poder, após a deposição do ex-presidente Viktor Yanukovich, e de querer impor a cultura ucraniana. Por sua parte, os tártaros defendem a unidade e integridade territorial da Ucrânia e se opõem à realização do referendo.

A Crimeia, uma península banhada pelo Mar Negro e que é sede de uma base naval russa em Sebastopol, foi "dada" em 1954, pelo então líder soviético, Nikita Kruschev, à Ucrânia, uma das repúblicas que formavam a URSS.

 

 

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