Em visita à Polônia nesta quinta-feira (06/07), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou críticas contra o governo em Moscou, um dia antes de seu primeiro encontro com o líder russo, Vladimir Putin, na ocasião da cúpula do G20 em Hamburgo, no norte da Alemanha.
Em discurso em Varsóvia após um encontro com o presidente Andrzej Duda, o republicano afirmou que está trabalhando em conjunto com o governo polonês na tentativa de dissuadir o "comportamento desestabilizador" da Rússia em relação ao país vizinho.
A Polônia tem recebido tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em seu território, a fim de fazer frente à ameaça partindo de Moscou, que teria estacionado em Kaliningrado armas nucleares táticas. Somente Washington enviou cerca de 5 mil soldados, lembrou Trump.
O presidente americano também mencionou a suspeita de que o governo russo interferiu nas eleições presidenciais americanas em 2016. Apesar de concordar com a acusação contra Moscou, ele disse acreditar que "outros países" podem ter feito o mesmo. Trump não nomeou esses países, alegando que "ninguém realmente sabe com certeza".
Sobre esse tema, o republicano voltou a acusar seu antecessor, Barack Obama, de estar ciente da interferência russa durante o processo eleitoral. Trump afirmou que o democrata "se engasgou" e "não fez nada" sobre o assunto à época, porque acreditava que Hillary Clinton, que concorria por seu partido, venceria o pleito.
Trump chegou na noite de quarta-feira a Varsóvia, onde teve uma recepção bem mais calorosa do que a que provavelmente lhe espera em Hamburgo durante o encontro do G20.
Além da reunião com o presidente polonês, também está na agenda um encontro com chefes de Estado e governo de 12 países do Leste Europeu às margens dos mares Báltico, Adriático e Negro.
O grupo, que é conhecido como Iniciativa dos Três Mares, busca reduzir a dependência da região da energia que vem da Rússia. A iniciativa foi apresentada por Duda em maio e, segundo ele, é uma das prioridades de seu governo.
A Polônia é um dos principais aliados dos Estados Unidos na Europa, e presidentes americanos costumam ter recepções calorosas no país. Além disso, é também um importante parceiro na Otan e um mercado promissor para o gás obtido com fracking nos EUA.
O encontro com Putin é um dos pontos mais esperados da reunião do G20 em Hamburgo: se, de um lado, há semelhanças entre os dois chefes de Estado, do outro, Trump se encontra sob pressão política devido ao escândalo de ingerência russa na campanha eleitoral nos EUA.
A interferência do Kremlin nas últimas eleições americanas, com o suposto objetivo de ajudar na vitória de Trump, praticamente monopolizou o debate político americano desde o pleito, realizado no início de novembro do ano passado.
Agências de inteligência americanas garantem que a Rússia esteve por trás dos ciberataques a organizações e operadores do Partido Democrata antes da eleição presidencial. Rejeitada por Moscou, a conclusão é apoiada também por empresas de segurança cibernética.
Trump também está sob pressão devido a acusações de que, antes de demiti-lo, pediu ao então diretor do FBI James Comey que encerrasse a investigação da agência sobre as ligações com a Rússia do ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca Michael Flynn.