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Tráfico ‘explode’ na Venezuela, dizem EUA

GUILHERME RUSSO

Os EUA declararam na terça-feira que percebem uma "explosão" no narcotráfico na Venezuela – cujo principal destino final, segundo especialistas, é o território americano – e reclamou da falta de colaboração do presidente Hugo Chávez no combate ao crime. Analistas de política e segurança atribuem o aumento à "corrupção que impera no chavismo" e à orientação ideológica "obsoleta" que prega o fornecimento de drogas ao inimigo.

"Nos últimos cinco ou seis anos, vimos uma explosão – repito: uma explosão – do trânsito de droga ilícita pela Venezuela em direção ao mercado exterior", afirmou o secretário-assistente de Estado para Segurança Internacional e Narcóticos dos EUA, William Brownfield.

O ex-presidente da Comissão Nacional contra o Uso Ilícito das Drogas (Conacuid), da Venezuela, Bayardo Ramírez Monaga afirmou ao Estado que esse aumento começou há 11 anos, pouco após Chávez assumir a presidência, após a proliferação de pistas de pouso clandestinas no país. "O regime abriu uma rota (de tráfico internacional) que não existia." Segundo o jurista de 71 anos, que participou da elaboração da primeira lei antinarcóticos da Venezuela, a cocaína que passa pelo país segue principalmente para Honduras, Nicarágua e México, para depois entrar nos EUA. Parte da droga também segue para a África, de onde é transportada ao continente europeu, de acordo com o analista.

O funcionário americano atribuiu o crescimento recente do tráfico pelo território venezuelano à falta "de colaboração (de Caracas) em questões antidrogas".

"Muitos militares, policiais e também o governo estão metidos com isso. A corrupção (em instituições públicas) é a arma mais importante do crime organizado", disse Ramírez. Mas ele afirmou que seria "precipitado" classificar a Venezuela como um "narcoestado", como fazem muitos analistas opositores ao chavismo.

Para o venezuelano, outro fator que colabora com o narcotráfico no país latino-americano é o "rebaixamento" da agência de políticas contra entorpecentes. "A Conacuid era ligada à presidência e multiministerial. O Escritório Nacional Antidrogas (criado em 2006) é apenas um departamento do Ministério do Interior." O governo de Chávez afirma ter uma "política clara, séria e transparente" de combate ao narcotráfico.

Brownsfield disse que "há exceções" na atuação de Caracas contra o narcotráfico, citando situações em que o governo venezuelano "decidiu expulsar algumas pessoas" – como na deportação de Joaquín Perez, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a Bogotá, em abril.

As Farc são consideradas por especialistas em segurança na América Latina as responsáveis pela maior parte da cocaína que passa pela Venezuela. O americano afirmou que a morte do número 1 da milícia, Alfonso Cano, facilitará o combate ao crime na região.

Com AFP

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