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Tensão aumenta – Quatro cientistas iranianos são assassinados em dois anos

O assassinato nesta quarta-feira de um cientista da usina nuclear de Natanz, no centro do Irã, é o quarto desde janeiro de 2010. Teerã atribui estes atentados a Israel e às potências ocidenais acusadas de tentar frear o avanço de seu controvertido programa nuclear.

A seguir, a lista dos cientistas iranianos vítimas de atentados ou desaparecimento sem explicação nos últimos anos.

12 de janeiro de 2010: Um físico nuclear internacionalmente reconhecido, Massud Ali Mohamadi, professor na universidade de Teerã e que trabalhava para os Guardiões da Revolução, morreu na explosão de uma moto-bomba em frente ao seu domicílio em Teerã.

Um homem acusado deste homicídio em nome de Israel foi condenado à morte pela justiça iraniana, em agosto de 2011.

29 de novembro de 2010: Majid Shahriari, fundador da Sociedade nuclear do Irã e "responsável por um dos grandes projetos da Organização iraniana da energia atômica" (OIEA), segundo uma autoridade iraniana, foi morto em Teerã pela explosão de uma bomba magnética fixada em seu automóvel.

No mesmo dia, outro físico nuclear, Fereydoun Abasi Davani, foi alvo de um atentado em condições idênticas quando estacionava seu carro em frente à universidade Shahid Beheshti em Teerã, onde os dois homens eram professores.

Este último, apenas ferido, chegou a ser depois chefe do controverso programa nuclear iraniano.

O Irã acusa Israel e Estados Unidos de serem responsáveis por estes dois atentados.

23 de julho de 2011: O cientista Dariush Rezainejad, que trabalhava em projetos do ministério da Defesa, foi morto a tiros por desconhecidos que se deslocavam em uma moto em Teerã.

Os meios de comunicação iranianos, que primeiro o apresentaram como um especialista em física nuclear, o classificaram depois de simples "estudante de mestrado em elétrica". O Irã acusou Israel e Estados Unidos de serem responsáveis pelo assassinato.

No dia 1 de agosto de 2011, uma fonte dos serviços de espionagem de Israel citada na edição on-line do semanário alemão Spiegel indicou que este assassinato foi organizado por Israel.

11 de janeiro de 2012: O cientista Mustafá Ahmadi Roshan, que trabalhava na usina de Natanz, da qual era vice-diretor para os assuntos comerciais, morreu na explosão de uma bomba magnética colocada sobre seu automóvel, perto da universidade Allameh Tabatabai, a leste de Teerã.

EUA, Israel vs Irã – crise aumenta

No quinto ataque à luz do dia contra especialistas iranianos em dois anos, a bomba do tipo magnético do assassino provocou uma explosão na porta do sedã prata do engenheiro químico Mostafa Ahmadi-Roshan, de 32 anos, quando ele dirigia em uma rua movimentada perto da Universidade de Teerã durante a hora do rush, pela manhã. O passageiro do carro também morreu, disse a mídia iraniana, e um pedestre ficou levemente ferido.

Israel, cujo chefe militar alertou o Irã na terça-feira para esperar mais percalços misteriosos, não quis fazer comentários. Enquanto muitos analistas enxergam o envolvimento israelense ou ocidental como plausível, não está descartada a possibilidade de que tenha sido obra de iranianos ou tenha outra origem no próprio Oriente Médio.

O assassinato, que deixou destroços pendendo de árvores e partes de corpos na rua, acontece em uma semana de tensão.

O Irã iniciou trabalhos em uma usina subterrânea de enriquecimento de urânio e sentenciou um norte-americano à morte por espionagem; Washington e a Europa aumentaram os esforços para enfraquecer as exportações de petróleo do Irã por sua recusa em suspender o trabalho que, segundo o Ocidente, tem o objetivo de fabricar armas nucleares, e não o de produzir energia como afirma o Irã; o Irã ameaçou prejudicar o fornecimento de petróleo do Golfo para o Ocidente, provocando uma advertência dos EUA de que sua Marinha estava preparada a abrir fogo para evitar qualquer bloqueio do estratégico Estreito de Ormuz.

No entanto, analistas veem o último assassinato, que teria necessitado de preparação, como parte das tentativas de frustrar o programa nuclear do Irã, que também incluiu vírus de computador e explosões misteriosas.

Embora o temor de guerra tenha aumentado o preço do petróleo, a região já passou por períodos de troca de ameaças e derramamento de sangue limitado sem chegar a um conflito total.

No entanto, a disposição de Israel – que vê uma iminente bomba atômica iraniana como uma ameaça à sua existência – de atacar instalações nucleares iranianas, com ou sem o apoio dos EUA, aumentou a sensação de que uma crise se aproxima.

ATO HEDIONDO

A Organização de Energia Atômica do Irã, que não conseguiu persuadir o Ocidente de que sua busca por energia nuclear não tem um objetivo militar oculto, disse que o assassinato de Ahmadi-Roshan não a deteria: "Continuaremos nosso caminho sem nenhuma dúvida… nosso caminho é irreversível", disse em comunicado transmitido pela televisão.

"O ato hediondo da América e do regime sionista criminoso não desviará nosso caminho glorioso… quanto mais vocês nos matam, mais nossa nação desperta".

O primeiro vice-presidente Mohammad Reza Rahimi disse, segundo a agência de notícias Irna: "Os inimigos do Irã deveriam saber que não poderão impedir o progresso do Irã com tais atos terroristas".

Preparando-se para a primeira eleição nacional desde que uma votação presidencial polêmica em 2009 provocou protestos de rua contra os 30 anos de governo clerical, os líderes do Irã lutam para conter a tensão interna. Desafiar Israel e as potências ocidentais cai bem entre muitos eleitores na nação de 76 milhões de habitantes.

Israel, cuja agência de inteligência Mossad tem um histórico de assassinatos secretos no exterior, não quis comentar o atentado desta quarta-feira.

Não houve uma reação imediata dos Estados Unidos. Seu aliado, a Grã-Bretanha, cuja embaixada em Teerã foi saqueada em novembro, descreveu as sugestões de um envolvimento de Londres como "infundadas" e condenou o assassinato de civis.

De qualquer forma, o ataque traz algumas marcas do trabalho de agências de inteligência sofisticadas, capazes de driblar o extenso aparato de segurança do Irã e também de mostrar cuidado em limitar os danos aos passantes.

Com Agências: AFP e Reuters

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