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Tambores de Guerra – Palestinos voltam a reivindicar retorno a territórios ocupados

Os palestinos que abriram caminho à força nas fronteiras de Israel no domingo voltaram os ponteiros do relógio do conflito, devolvendo ao centro do debate a questão dos refugiados, que muitos acreditavam que seria negociada à parte.

Os protestos nas fronteiras israelenses com a Síria e o Líbano também concentraram as atenções na diáspora, marginalizada na política palestina depois que Yasser Arafat saiu do exílio para a Cisjordânia e a Faixa de Gaza sob ocupação de Israel duas décadas atrás.

Um preço foi pago – pelo menos 13 manifestantes foram mortos a tiros.

Organizados por membros de uma comunidade refugiada que reclama o direito de voltar a seus antigos lares na Israel atual, os protestos despertaram orgulho e satisfação na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, morada de cerca de 2 milhões de membros da diáspora.

Quando alguns manifestantes romperam a fronteira com a Síria nas cenas transmitidas ao vivo pela TV via satélite, pareceu aos palestinos que o impossível havia acontecido, ainda que somente por um breve período.

"Isto é uma mensagem para qualquer um que pensa em desistir do direito de retornar", disse Abdel Qader al-Beshawi, palestino de 50 anos do campo de refugiados de Balata, na Cisjordânia, capturada juntamente com Gaza na Guerra dos Seis Dias de 1967.

Sua família foi forçada a abandonar sua casa na cidade costeira de Jaffa na guerra de 1948, que ajudou a estabelecer os limites do Estado de Israel e desencadeou a saída de centenas de milhares de refugiados palestinos para terras árabes vizinhas.

"Pela primeira vez senti que poderíamos voltar a nossa cidade após anos de profundo desespero", declarou Beshawi, um dos cerca de 4,8 milhões de refugiados palestinos registrados junto à ONU na Jordânia, no Líbano, na Síria e nos territórios palestinos ocupados.

Como o destino de Jerusalém, a questão dos refugiados é um dos pontos centrais do conflito israelo-palestino.

Mas os refugiados suspeitam há tempos que seu esperado retorno estava sendo negociado à parte no processo de paz do Oriente Médio, que objetiva o estabelecimento de um Estado palestino ao lado de Israel na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Para Israel, a ideia de um retorno em massa de refugiados é inegociável e destruiria o Estado judeu.

Israel diz que qualquer solução para a questão dos refugiados deve dizer respeito às fronteiras de um futuro Estado palestino e descreveu os confronto de domingo como uma provocação cínica inspirara por seu inimigo Irã.

A Síria, aliada dos iranianos, sempre manteve um controle rígido de sua fronteira com Israel, e mesmo diante dos atuais tumultos enfrentados pelo governo de Damasco observadores disseram ser difícil imaginar o protesto do fim de semana acontecendo sem aprovação oficial.

Para os palestinos, as manifestações foram direto ao cerne de sua luta, já que ocorreram no dia que chamam de "Nakba", ou catástrofe, que marca a criação de Israel 63 anos atrás.

(Reportagem adicional de Nidal al-Mughrabi em Gaza)

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