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Tambores de Guerra – Israel discute eventual ataque contra o Irã

Um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a ser lançado nos próximos dias provocou a troca de ameaças entre Israel, seus aliados ocidentais e o Irã. O documento traria a conclusão de que o Irã estaria depositando material nuclear em ogivas e desenvolvendo mísseis. O novo estudo trouxe especulações de que um ataque de forças ocidentais contra o Irã estaria próximo.

Em entrevista ao jornal egípcio Al-Akhbar, publicada nesta segunda-feira (07/11), o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, advertiu sobre uma ação militar contra o seu país e reiterou que seu programa nuclear tem fins pacíficos. Ahmadinejad declarou que Estados Unidos e Israel buscam apoio internacional para uma intervenção militar.

"O Irã está aumentando suas capacidades e progredindo. Por esta razão, está se tornando capaz de competir em nível mundial. Israel e o Ocidente, particularmente os Estados Unidos, têm medo disto", disse o presidente iraniano.

O presidente de Israel, Shimon Peres, por sua vez, defende que o Irã é um problema não somente para Israel, mas para todo o mundo. Por isso, segundo ele, o  mundo deve se unir para impedir que o Irã produza armas nucleares. Ao mesmo tempo, ele ressaltou que Israel não deve agir sozinho.

Apoio interno

"Há diversos instrumentos para isto. Sanções econômicas, pressão sobre as exportações de petróleo. Ela [a comunidade internacional] deve assumir a responsabilidade e ver que o Irã é uma ameaça para todo o mundo", disse Peres à mídia israelense.

Antigos chefes do Mossad, o serviço secreto israelense, têm alertado para o perigo de um isolamento de Israel. Meir Dagan, por exemplo, que já esteve à frente da inteligência do país, chegou a declarar que um ataque militar israelense contra alvos nucleares iranianos seria uma grande estupidez.

"Eu acho que Israel em princípio tem interesse em manter o equilíbrio no Oriente Médio. Nós somos uma pequena gota neste imenso mar árabe, muçulmano, e não temos qualquer motivo para quebrar este equilíbrio", disse o ex-general israelense Amiram Levin, que foi vice-chefe do Mossad de 1998 a 2000.

Conforme especulações da imprensa israelense, o ministro da Defesa, Ehud Barak, estaria tentando apoio do gabinete do governo para um ataque. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanjahu, se mantém calado sobre o debate. Barak, teria participado de encontros em Londres. A imprensa israelense interpretou disso que há planos concretos de ataque.

Reações internacionais

O jornal britânico The Guardian também publicou que o Reino Unido estaria preparando um ataque ao Irã. Barak concedeu entrevista à rede norte-americana de televisão CNN, dizendo que "o Irã decidiu se tornar potência nuclear" e que por isso "é extremamente importante que o mundo se decida a agir contra isso, seja através de diplomacia, sanções ou o que quer que seja".

O governo iraniano já teria acessado o novo relatório da AIEA. Segundo a agência de notícias AFP, o ministro do Exterior, Ali Akbar Salehi, disse que o estudo traz "alegações falsas". A Rússia alertou também que um possível ataque contra o Irã possa ser um "engano muito sério", que levaria unicamente à continuidade do conflito e a mortes de civis. "Isto poderia levar a consequências incalculáveis", alertou o ministro russo do Exterior , Sergei Lavrov.

A França também se manifestou contra uma eventual intervenção militar ocidental no Irã. O ministro do Exterior, Alain Juppe, disse que as sanções contra o país devem ser reforçadas, mas "tudo deve ser feito para evitar o irreversível" . "Isso [um ataque militar] poderia desestabilizar completamente a região", acrescentou.

Autores: Bettina Marx / Marcio Pessôa
Revisão: Roselaine Wandscheer

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