O mais graduado desertor das Forças Armadas sírias disse que não há alternativa senão derrubar o presidente Bashar al Assad pela força, e que uma rebelião contra o líder sírio está sendo comandada por ele a partir da Turquia.
O coronel Riad al As'saad, que está vivendo sob proteção do governo turco na província de Hatay, na fronteira com a Síria, disse que cerca de 15 mil soldados, inclusive oficiais, já desertaram, e aguardam o seu comando dentro da Síria.
As'saad, um homem magro e de fala tranquila, concedeu entrevista à Reuters à paisana, com uma camisa de colarinho aberto, num campo de refugiados sírios em Hatay. Ele disse que os rebeldes estão formando brigadas dentro do país para montar emboscadas contra as forças do governo e impedi-las de entrar nas aldeias.
O moral no Exército sírio é baixo, segundo ele. "Sem uma guerra, (Assad) não vai cair. Quem comanda com força não pode ser retirado senão pela força", disse ele. "O regime usou muitas táticas opressivas e homicidas, por isso saí, por isso serei o rosto externo para o comando interno, porque temos de estar numa área segura, e atualmente não existe segurança em toda a Síria."
As'sad estava sentado à sombra de uma árvore, e ao fundo crianças refugiadas riam e brincava. Música soava em uma tenda próxima, improvisada como escola.
Como a maioria dos militares, As'saad pertence à maioria muçulmana sunita. Mas o comando militar está nas mãos de oficiais da seita alauíta, a mesma de Assad, e que domina todo o governo e o aparato de segurança.
As'sad está na Turquia há mais de dois meses, sob constante proteção de guardas turcos. Sua localização exata é mantida em segredo.
"Estamos em contato diário com os desertores. Coordenamo-nos diariamente com os oficiais. Nosso plano é nos transferir para a Síria. Estamos esperando para encontrar um local seguro que possamos transformar em base para a liderança na Síria," afirmou.
O governo sírio diz que os soldados rebeldes são traidores a serviço dos inimigos da Síria.
O fato de a Turquia proteger As'saad escancaradamente reforça a atitude de Ancara no sentido de isolar Assad, outrora seu aliado.
O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, já pediu a renúncia de Assad e está preparando sanções econômicas à Turquia. Ele deve visitar em breve a região da fronteira para discursar a refugiados sírios.