Sandra Marina
Com geleiras que se derretem, furacões enfurecidos e secas implacáveis sob a lente de aumento, militares, líderes civis e da defesa de mais de 20 países do hemisfério ocidental se estão reunindo em Miami, para gerar soluções para mitigar o impacto que as mudanças climáticas possam ter sobre as forças armadas do mundo inteiro.
Organizada pelo Departamento de Engenharia do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), a conferência “Variação e Sustentabilidade Ambientalista: Desafios para a Adaptabilidade e Presteza das Forças Armadas” está enfocada em tópicos como: o impacto das altas temperaturas sobre instalações em regiões frias, a pressão para reduzir o tamanho da pegada de carbono da Força Aérea, veículos militares mais eficientes, que podem salvar as vidas dos soldados, reduzindo a necessidade de comboios de abastecimento de combustível, que são um alvo tão fácil para o inimigo.
“Embora as mudanças climáticas por si sós não provoquem conflitos, elas podem atuar como aceleradoras da instabilidade ou de conflitos, constituindo um fardo para a resposta das instituições civis e militares no mundo inteiro. Quando existem fatores de instabilidade, surgem questões relativas à segurança que podem colocar em risco os nossos interesses nacionais”, disse o Brigadeiro Joseph DiSalvo, Chefe do Estado-Maior do USSOUTHCOM, durante o seu discurso de abertura.
O Brig DiSalvo afirmou que as forças militares deveriam buscar maneiras de adaptar-se às missões cambiantes que possam exigir uma expertise, um treinamento e equipamentos diferentes, proteger as suas instalações e áreas de treinamento e investir na busca de soluções tecnológicas para problemas inevitáveis.
Um dos destaques do primeiro dia do evento foi a apresentação do orador principal Timothy K. Bridges, Secretário Adjunto da Força Aérea dos EUA para o Meio Ambiente e a Saúde Ocupacional. Bridges falou sobre a urgente necessidade de uma ação e colaboração em geral. “O grau destes desafios climáticos internacionais exigirá reações regionais e multilaterais, utilizando organizações regionais e internacionais. Neste sentido, a Rede de Acesso para Todos os Parceiros (APAN) pode promover o intercâmbio de informações entre os países, com organizações e outras agências que talvez não tenham acesso a sistemas e redes tradicionais do Departamento de Defesa”, ele insistiu.
Como parte da sua apresentação, Bridges também apresentou exemplos reais do que várias instalações militares nos Estados Unidos estão fazendo para responder a mudanças climáticas presentes e futuras. Entre estes, ele mencionou a Base da Força Aérea de Langley, uma das mais antigas bases aéreas trabalhando continuamente nos EUA. De acordo com estimativas, até o ano 2100, 40 a 50 por cento das instalações, incluindo uma grande parte da pista de decolagem, podem estar em risco de inundação. A base aérea está trabalhando estreitamente com o Laboratório Nacional de Oak Ridge, para preparar-se para esta possibilidade.
Uma das sessões mais interessantes da conferência foi o painel “Perspectiva da Região”, onde representantes do Ministério da Defesa do Chile, da Marinha e do Exército da Colômbia, bem como das Forças Armadas de El Salvador, explicaram o que os seus países estão fazendo para preparar-se e responder às mudanças climáticas. “Esta conferência nos oferece a oportunidade de mostrar o que estamos fazendo na Colômbia, como também de aprender do que os outros estão realizando nas suas próprias nações”, disse a Capitão-de-Fragata Silvia Rondón, que lidera os esforços ambientalistas da Marinha da Colômbia.
No último dia da conferência, 23 de agosto, os debates serão transferidos do Centro de Conferência das Américas do SOUTHCOM ao campo de investigação, no Parque Nacional do Everglades. Neste lugar, no meio do que parece ser um retrato perfeito de um paraíso selvagem, os participantes terão a oportunidade de ver, sentir e cheirar um exemplo real do que as mudanças climáticas podem causar ao meio ambiente. A excursão incluirá um informe sobre o Projeto de Restauração do Everglades, uma visão geral de como o clima está afetando a Base da Força Aérea de Homestead, no sul de Miami, e um discurso de encerramento do Coronel Steve Williamson, Engenheiro Comandante do SOUTHCOM.