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Síria – Rússia e China emperram moção do Conselho da ONU que condena Síria

Denise Chrispim Marin

O Conselho de Segurança da ONU discutirá hoje uma condenação formal à Síria pela reação violenta do regime do presidente Bashar Assad contra manifestações que exigem reformas democráticas. Ontem, China e Rússia – países com poder de veto no órgão máximo das Nações Unidas – entraram no caminho de americanos e europeus e impediram que fosse adotada uma resolução contra Damasco.

O Conselho de Segurança também estuda determinar ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU uma investigação sobre as denúncias de abusos cometidos pelo regime Assad. Ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, foi ao conselho dirigir-se diretamente aos seus 15 integrantes em favor tanto da condenação quanto da investigação internacional.

"Pessoalmente, condeno a continuidade da violência contra manifestantes pacíficos e, particularmente, o uso de tanques e de armas de fogo, que mataram e feriram centenas de pessoas. As autoridades sírias têm a obrigação de proteger os civis e de respeitar seus compromissos internacionais, incluindo os direitos de expressão e de liberdade de reunião", afirmou. "Eu concordo que se faça uma investigação transparente, independente e efetiva."

O projeto de condenação à Síria foi apresentado por França, Grã-Bretanha, Portugal e Alemanha e segue, basicamente, o mesmo enunciado da declaração de Ban à imprensa. O tema voltará a ser discutido hoje pelo Conselho de Segurança, desta vez com o relato mais detalhado de autoridades da área de direitos humanos da ONU.

Se aprovada, essa primeira censura ao governo de Assad poderá ser seguida por um projeto de sanção, caso a violência contra civis continue. A França e a Grã-Bretanha têm sido vocais em favor de medidas duras contra Damasco.

Peça-chave.
O secretário-geral, cuidadosamente, esquivou-se ontem de comparações entre a violência contra civis líbios pelas forças do regime de Muamar Kadafi e as reações das forças de segurança de Assad contra manifestantes sírios, que já causaram cerca de 400 mortes.

Ban reconheceu não haver "diferenças fundamentais" entre os dois casos, no que diz respeito aos direitos humanos. Mas acentuou haver "outras distinções", com o cuidado de não apontá-las. "Cada situação tem um contexto diferente", resumiu.

A dificuldade do secretário-geral da ONU em responder a essa questão é a mesma de vários países do Conselho de Segurança, entre os quais o Brasil. Aliada do Irã, do Hamas e do Hezbollah, a Síria desempenha papel-chave no jogo de poder no Oriente Médio e países hesitam em isolá-la.

A condenação pública seria um primeiro passo para possíveis sanções. Os EUA já anteciparam a adoção de retaliações unilaterais contra autoridades sírias e retomaram a qualificação do regime de Damasco como "apoiador do terrorismo". A Europa estuda medidas similares.

"Nós nos opomos fortemente ao tratamento do governo sírio aos cidadãos e continuamos a nos opor a esse comportamento desestabilizador, incluindo com o apoio ao terrorismo e aos grupos terroristas", afirmou a jornalistas o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.C

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