O governo sírio rejeitou a mais recente proposta da Liga Árabe para tentar por fim a mais de dez meses de conflito no país.
Após um encontro no Cairo, no domingo, ministros das Relações Exteriores de países membros da Liga Árabe pediram que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, se afaste do cargo e que seja criado um governo de unidade nacional dentro de dois meses.
Assad deve "delegar os poderes ao vice-presidente para trabalhar em conjunto com um governo de unidade nacional", a ser formado dentro de dois meses, segundo um comunicado lido pelo premiê do Catar, xeque Hamad bin Jassim Al-Thani, durante encontro no Cairo.
Segundo a TV estatal síria, um representante do governo afirmou que considera as propostas "um ataque à soberania nacional" e que a iniciativa "não reflete os interesses do povo sírio".
Aprovação da ONU
A Liga Árabe anunciou que buscará a aprovação do Conselho de Segurança da ONU para sua proposta.
O plano prevê a criação de um governo de coalizão, a criação de uma nova Constituição e a realização de eleições para o Parlamento e Presidência.
Seria criada ainda uma comissão especial para investigar os assassinatos durante as manifestações pró-democracia, que começaram em março do ano passado.
A Liga voltou a pedir que ambos os lados evitem a violência.
Pouco antes, a entidade havia dito que sua missão de observadores na Síria ficaria no país por mais um mês, apesar das críticas quanto à sua eficiência.
Ativistas dizem que quase mil pessoas foram assassinadas no país desde o início da missão, em dezembro.
No entanto, um dos principais financiadores dos projetos da Liga Árabe, a Arábia Saudita, disse que está se desligando da missão à Síria, acusando o governo Assad de não cumprir compromissos assumidos.
Segundo analistas, anúncios contraditórios mostram que há uma crescente divisão dentro da Liga Árabe sobre o que pode ser feito para resolver a crise na Síria.
A ONU calcula que mais de 5 mil pessoas morreram desde março do ano passado, início dos protestos contra o presidente sírio, Bashar al-Assad.
O governo diz que cerca de 2 mil integrantes de suas forças de segurança foram mortos.