O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, desembarcou nesta segunda-feira (24) em Cabul para uma visita surpresa, a sua primeira ao país onde 8.400 soldados americanos estão mobilizados.
Mattis, que serviu no Afeganistão, chegou ao país menos de uma hora após o anúncio dos pedidos de demissão do ministro da Defesa afegão, Abdullah Habibi, e do comandante do Estado-Maior do exército, o general Qadam Shah Shahim.
Os dois renunciaram após o ataque da última sexta-feira contra uma base militar do norte do país, reivindicado pelos talibãs, que deixou mais de 100 mortos.
Há quase duas semanas o exército americano lançou a bomba de maior potência de seu arsenal convencional contra posições subterrâneas do grupo Estado Islâmico no leste do Afeganistão, um ataque que matou 96 jihadistas.
O governo dos Estados Unidos, que apoia as forças afegãs na luta contra o terrorismo, mantém 8.400 soldados no país e, além de coordenar as operações da OTAN, realiza bombardeios aéreos contra as posições da Al-Qaeda, os talibãs e o grupo EI.
O general John Nicholson, que comanda a operação da OTAN 'Resolute Support', afirmou em fevereiro no Congresso americano que seriam necessários "alguns milhares" de soldados adicionais para acabar com os insurgentes.
Apesar de uma reunião prevista com o general Nicholson, nada parece indicar que o secretário de Defesa fará um anúncio neste sentido. Mattis também terá reuniões com várias autoridades afegãs, incluindo o presidente Ashraf Ghani.
Ministro da Defesa do Afeganistão renuncia após ataque do Taliban a base militar¹
O ministro de Defesa e o comandante do Exército do Afeganistão renunciaram nesta segunda-feira depois do ataque mais violento do Taliban a uma base militar afegã, ameaçando ofuscar a visita do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, no momento em que os EUA elaboram uma nova estratégia para o país.
Mattis tem encontros previstos com autoridades do Afeganistão e comandantes dos EUA que estão pressionando por mais tropas. Entretanto, sua chegada a Cabul ocorreu em meio às consequências do ataque da última sexta-feira do Taliban em uma base no norte do país, no qual mais de 140 soldados afegãos morreram.
"O ministro da Defesa Abdullah Habibi e o chefe do Exército Qadam Shah Shahim renunciaram com efeito imediato", anunciou o gabinete do presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, em uma publicação no Twitter.
Shah Hussain Murtazawi, porta-voz de Ghani, disse à Reuters que as renuncias foram causadas pelo ataque de sexta-feira em uma grande base militar na cidade de Mazar-i-Sharif.
O gabinete de Ghani também anunciou que o presidente substituiu os comandantes de quatro corpos do Exército como resposta ao ataque, e agentes de defesa informaram que oito membros do Exército foram presos –elevando as suspeitas de que o ataque teve ajuda interna.
O ataque chama atenção para o nível do desafio que o governo apoiado pelo Ocidente e seus aliados internacionais estão enfrentando, mais de 15 anos depois dos Estados Unidos terem invadido o país.
Ataque com bomba atinge base dos EUA no leste do Afeganistão¹
Supostos insurgentes do Taliban atacaram nesta segunda-feira uma base operada pelos Estados Unidos em Khost, província do leste do Afeganistão, disseram autoridades, dando poucos detalhes de um ataque que coincidiu com uma visita do secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, a Cabul.
Os agressores detonaram um carro-bomba em uma entrada de Camp Chapman, uma instalação sigilosa operada por forças norte-americanas e fornecedores militares privados, disse Mubarez Mohammad Zadran, porta-voz do governador provincial.
Mas ele forneceu poucas informações sobre qualquer dano ou baixa. "Estou ciente de um ataque com carro-bomba em um dos portões da base dos EUA, mas não temos permissão de dar mais detalhes", afirmou.
O porta-voz dos militares norte-americanos no Afeganistão, o capitão William Salvin, confirmou o ataque. Ele disse que parece haver várias baixas entre os afegãos, mas nenhuma entre os funcionários dos EUA ou da coalizão na base.
O ataque ocorreu três dias depois de mais de 140 soldados afegãos morrerem em uma operação contra uma base militar lançada por combatentes do Taliban disfarçados com uniformes militares.
¹com agência Reuters