Santos tomou posse em 7 de agosto de 2010, sucedendo o presidente Alvaro Uribe, seu "padrinho" político, cujo governo foi marcado pela aproximação com os EUA, pelo acirramento da guerra antidrogas e pelas relações conturbadas com outros países latino-americanos, como Venezuela, Brasil, Equador e México.
"Habilmente ele vem reconstruindo as relações entre estes países e aberto novos caminhos, por exemplo, com a China", diz a americana Arlene Tickner, professora de Relações Internacionais da Universidade de Los Andes.
Para Tickner, Santos também mudou a postura da Colômbia em relação aos EUA, embora tenha mantido a forte relação bilateral, assim como a continuidade da política de segurança militarizada, o combate ao terrorismo e a estratégia antidrogas.
"O país deixou de acatar todas as exigências de Washington e, além disso, Santos tem deixado claro que sua prioridade agora é a América Latina", diz a especialista.
Tickner também acredita que o atual chefe de Estado trabalha de forma proativa para se firmar com protagonista da política externa latino-americana.
"Isso ficou claro quando ele assumiu, ao lado de Hugo Chávez (presidente da Venezuela), a liderança nas negociações para o retorno do (ex-presidente) Manuel Zelaya a Honduras, e também na representação da União das Nações da América do Sul (Unasul), cuja presidência está com a colombiana María Emma Mejía."
Farc
Segundo especialistas, a mudança na forma de atuação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) exigem mais atenção por parte do governo de Santos.
De acordo com um relatório da ONG Nuevo Arco-Iris, as Farc estão descentralizando as ações em pequenos grupos e utilizando novos métodos, com maior quantidade de minas e atentados a bomba e o uso crescente de franco-atiradores.
Ao assumir o comando das Farc, em março de 2008, Alfonso Cano modificou as estratégias da guerrilha, com ataques mais agressivos, especialmente contra a população civil.
Em resposta, a ação do Ministério da Defesa tem sido golpear a cúpula das Farc, capturando seus principais líderes.
O historiador Juan Flórez afirma que, se mantiver a estratégia de capturar a cúpula das Farc, Santos terá o apoio da opinião pública e dos setores conservadores ligados a Uribe, que chegaram a lançar dúvidas sobre sua política de segurança.
No entanto, Juan Flórez afirma que a eventual captura de Cano não resolveria a questão da criminalidade crescente na Colômbia.
"Mais que se concentrar nas Farc, este governo deve se voltar para o aumento da violência urbana e nas centenas de quadrilhas que têm se formado, tanto devido à dificuldade de reintegração dos que abandonam as armas, quanto pela falta de uma política social adequada", diz.
Política interna
No âmbito interno, Santos vem costurando apoio para consolidar um governo de "centro", com ampla maioria. O presidente aliou-se ao Partido Liberal (que era de oposição a Uribe) e manteve as alianças anteriores com os Partidos Conservador e o de la U. Em julho, Santos trouxe para sua base o Partido Verde, antes de oposição.
Para o historiador Juan Carlos Flórez, o presidente está conseguindo agregar partidos porque incorporou elementos do discurso ideológico mais de centro-esquerda, o que inclui o combate a corrupção, a preservação do meio ambiente e o combate à miséria.
"Ele é perspicaz em costurar as alianças, dos uribistas aos verdes. Além disso, tem conseguido descolar-se da figura de Uribe, ao construir uma imagem moderada", diz Flórez.
Por outro lado, a oposição representada pelo Pólo Democrático Alternativo, que reúne movimentos de esquerda de diversas tendências, questiona a estratégia de Santos para conseguir apoio.
"Ser unanimidade tem um custo alto, porque geralmente isso vem acompanhado pela distribuição de cargos políticos e de favores econômicos", diz Aurélio Suarez, representante do Pólo em Bogotá.
Economia
Para analistas, o bom momento vivido pela Colômbia, com projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 5% pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), é fruto da reaproximação de parceiros importantes (Venezuela e Equador) e ainda da maior atuação do país na Unasul.
"A maior integração comercial entre os vizinhos é ainda mais importante para o país que a aprovação do Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos, que tem reais chances de ser aprovado", analisa o decano da Faculdade de Economia da Universidade Santo Tomás, Carlos Martínez.
Apesar do otimismo com a boa fase, o economista alerta que a política econômica colombiana deve gerar mecanismos de sustentabilidade e que os lucros gerados pela presença de empresas transnacionais precisam ser aplicados no país.