Pouco antes da cúpula do G20, navios russos partem em direção à costa australiana. Ministro da Defesa também anuncia que Moscou enviará bombardeiros estratégicos em patrulhas aéreas regulares por todo o planeta.
De acordo com o Exército da Austrália, pouco antes do início da cúpula do G20 em Brisbane, quatro navios da Marinha russa partiram em direção ao país, cruzando águas internacionais nesta quinta-feira (13/11).
Enquanto especialistas advertem contra "demonstração de poder" do presidente russo, Vladimir Putin, o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, apontou que Moscou costuma posicionar navios da Marinha nas proximidades de encontros de cúpula.
O Ministério da Defesa em Camberra ressaltou que "o deslocamento desses navios está absolutamente em conformidade com as diretrizes das leis internacionais, segundo as quais navios de guerra podem circular livremente em águas internacionais".
Controvérsia sobre voo MH17
Os navios partiram já em outubro de Vladivostok, no extremo norte da Rússia. Entre eles, estão o cruzador lança-mísseis Varyag e o torpedeiro antissubmarino Marechal Shaposhnikov. De acordo com a mídia russa, a tarefa da Marinha seria "mostrar bandeira".
O aparecimento dos navios ocorre pouco antes da chegada de Putin a Brisbane para a cúpula do grupo das 20 maiores economias industrializadas e emergentes, a se realizar neste fim de semana. A participação do presidente russo foi colocada em questão pela anfitriã Austrália, mas acabou sendo sancionada pelo grupo por unanimidade.
O motivo da resistência australiana é a queda do avião de passageiros da Malaysia Airlines no leste da Ucrânia, em 17 de julho, entre cujas 298 vítimas encontravam-se 38 australianos. Tanto países ocidentais como o governo em Kiev responsabilizam os rebeldes separatistas apoiados por Moscou pelo acidente do voo MH17. O premiê Abbott anunciou a intenção de "confrontar" Putin sobre o assunto em Brisbane.
Patrulhas do Ártico ao Golfo do México
Além dos navios enviados para a costa australiana, a Rússia também mobilizará aviões bombardeiros de longo alcance para patrulhas regulares sobre o planeta, do Oceano Ártico ao Golfo do México. "Na situação atual, temos que manter presença militar no oeste do Atlântico e no leste do Pacífico, como também no Caribe e no Golfo do México", justificou o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, nesta quarta-feira.
O chefe de pasta não especificou a frequência das patrulhas aéreas, mas acrescentou que os aviões de longo alcance também vão conduzir "missões de reconhecimento para monitorar atividades militares de potências estrangeiras e comunicações marítimas".
O anúncio de Shoigu coincidiu com as acusações do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, de que a Rússia estaria enviando mais soldados e tanques de combate para o leste ucraniano, classificando a situação como "séria ameaça ao cessar-fogo". O Kremlin refutou as acusações como infundadas.
Por outro lado, o ministro russo da Defesa declarou que as tensões com o Ocidente em torno da Ucrânia levarão a um reforço do contingente russo na península da Crimeia, anexada por Moscou em março deste ano. Sob pedido de anonimato, um alto oficial militar americano observou que nem mesmo na Guerra Fria os russos enviaram bombardeiros em patrulha aérea sobre o Golfo do México.
O porta-voz do Pentágono, coronel Steve Warren, recusou-se a classificar o fato como uma provocação. Segundo ele, como qualquer outra nação, a Rússia tem o direito de operar no espaço aéreo e nas águas internacionais. O importante é que tais exercícios se realizem em segurança e de acordo com padrões internacionais, sublinhou.