O exército russo lançou novas manobras militares na fronteira com a Ucrânia em resposta à operação comandada pelas autoridades de Kiev que deixou cinco separatistas mortos na tarde desta quinta-feira (24).
As movimentações de ambos os lados da fronteira leste da Ucrânia representam uma perigosa escalada de violência que deve ter desdobramentos ao longo da sexta-feira (25).
"Nos vimos obrigados a reagir a esta evolução da situação", declarou o ministro da Defesa russo Serguei Choïgou. Segundo ele, unidades dos distritos militares do sul e do oeste do país deram início aos exercícios militares. "Os aviões estão sobrevoando próximo à fronteira", afirmou Choïgou.
O ministro expressou sua "grande preocupação" com o assalto das tropas ucranianas contra os separatistas de Slaviansk, bastião dos insurgentes pró-Rússia no leste do país. Segundo o próprio governo ucraniano, as mortes ocorreram durante o bombardeiro de três barreiras instaladas pelos militantes para proteger a cidade. Do lado das tropas de Kiev, apenas um oficial ficou ferido.
A reação de Moscou foi imediata. Primeiro, em forma de palavras, e em seguida em mobilização militar. Putin afirmou que "se o regime de Kiev começou a usar o exército contra sua população, trata-se de um crime muito grave contra o seu próprio povo" e garantiu que a ação teria consequências. Consequências que se materializaram em seguida com o anúncio do deslocamento de tropas russas para a fronteira com a Ucrânia, atendendo a um pedido feito a Moscou pelos separatistas do leste ainda no domingo.
As autoridades ucranianas parecem determinadas a continuar a ofensiva, que teve início na segunda-feira com a promessa de eliminar o movimento separatista do leste e que atingiu o auge de violência nesta tarde. Após a ofensiva que deixou cinco mortos, os blindados ucranianos bateram em retirada, encerrando a operação nos arredores de Slaviansk. Também nesta quinta, Kiev anunciou a libertação da perfeitura de Marioupol, no sudeste do país.
Obama culpa Rússia
"Não vamos retroceder diante da ameaça terrorista", declarou o presidente interino da Ucrânia Olexandre Turchinov. "Exigimos que a Rússia pare com sua ingerência em nossos assuntos internos, que pare com chantagens e ameaças e que retire suas tropas da fronteira leste", completou.
A reação dos Estados Unidos também veio em seguida, durante a visita do presidente Barack Obama ao Japão. O presidente americano disse que a Rússia é a culpada pelo fracasso do acordo de Genebra, um compromisso internacional assinado na semana passada para conter a violência na Ucrânia. Obama disse que Moscou nada fez para desencorajar os separatistas ucranianos e reafirmou que os Estados Unidos vão impor outras sanções se a Russia continuar a desrespeitar o acordo.