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Rússia inicia bombardeios na Síria

A Força Aérea russa lançou nesta quarta-feira (30/09), nos arredores da cidade de Homs, o primeiro bombardeio na Síria, num passo que leva a disputa por influência entre Rússia e Estados Unidos a uma nova região: o Oriente Médio.

O bombardeio – justificado como uma resposta a um apelo direto de Damasco – é visto como uma tentativa de conter o avanço do "Estado Islâmico" e, ao mesmo tempo, assegurar a sobrevivência do ditador Bashar al-Assad, maior aliado russo no Oriente Médio.

"O presidente sírio pediu à liderança do nosso país assistência militar", disse Sergei Ivanov, chefe de gabinete do Kremlin. "Trata-se dos interesses de nossa segurança nacional, e não em razão dos objetivos de política externa ou das ambições de que nossos parceiros ocidentais costumam nos acusar."

Queda de braço com Obama

Em queda de braço desde a anexação da Crimeia, Moscou e Washington divergem sobre as causas da guerra civil síria. Para os russos, a ingerência internacional – da invasão do Iraque à Primavera Árabe – é responsável; para os americanos, o maior culpado é Assad e seu regime repressor.

Uma coalizão liderada pelos EUA tem bombardeado alvos do "Estado Islâmico" na Síria há cerca de um ano, enquanto uma coalizão separada, composta por alguns dos mesmos países, ataca extremistas no vizinho Iraque.

Os extremistas do "Estado Islâmico" controlam grandes áreas de ambos os países, explorando o caos criado pela guerra civil iniciada há quatro anos, quando Assad conduziu uma violenta repressão a protestos, numa tentativa de frear a chegada da Primavera Árabe a seu país.

Nesta quarta-feira, Putin recebeu autorização do Parlamento para a realização de uma intervenção militar na Síria. Horas depois, a imprensa americana começou a noticiar bombardeios nos arredores de Homs, onde o "Estado Islâmico" tem áreas sobre seu domínio.

Ataques apenas aéreos

O Kremlin garante que a autorização dada pelo Parlamento é uma formalidade e não significa que as forças russas vão participar do conflito por terra, mas apenas com bombardeios aéreos pontuais.

A autorização, no entanto, foi a mesma obtida por Putin antes da invasão da Crimeia, em março de 2014, que abriu a maior disputa entre Ocidente e Rússia desde a Guerra Fria.

Apesar de o discurso oficial russo ser combate ao terrorismo, o Ocidente questiona se os objetivos de Moscou na Síria seria apenas seu fortalecimento como uma potência regional – e isso se daria através do fortalecimento de Assad.

Putin diz que Assad deve fazer parte da coalizão que luta contra o "Estado Islâmico". Obama e seus aliados, por sua vez, argumentam que Assad pode permanecer no poder a curto prazo, mas que seria essencial uma transição de regime na qual ele não teria papel duradouro. As divergências entre os dois sobre o tema ficou evidente em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU.

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