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Rússia – Indústria militar se defronta com o problema de renovação de quadros

Apesar disso, os atuais mecanismos de estímulos que possam atrair jovens para este segmento do mercado estão longe de ser ideais.

O período confuso e instável dos anos 90 do século XX, que influenciou também o início do século XXI, fez com que o atual mercado de trabalho do setor militar careça de especialistas de 35-45 anos da idade. Os licenciados dos anos 90 enfrentaram sérios problemas quanto às saídas profissionais, por não terem podido encontrar emprego de acordo  com a especialidade. Nessa altura, trabalhar em áreas científicas, onde os ordenados eram muito baixos,  não garantia um nível de vida adequado.

O financiamento do sector militar a níveis "aceitáveis" só se reiniciou na segunda metade dos anos 2000. O grosso dos quadros da maioria de empresas era constituído então por especialistas da velha geração e a idade média dos trabalhadores era na ordem de 55, 60 anos ou mesmo mais velhos.

O aumento das receitas destas empreass veio elevar o nível salarial, o que, por seu turno, fez aumentar o número de especialistas jovens. Assim, a idade média dos empregados começou a diminuir, podendo ser restabelecida a linha de continuidade profissional no limiar de 35-45 anos. Todavia, na realidade isso não aconteceu. Os  jovens especialistas não ficam a trabalhar em empresas da indústria militar durante muito tempo, utilizando-as como trampolim para ganhar experiência e depois proceder à busca de outros empregos mais rentáveis.

Analisando as causas da situação atual, pode-se notar que o destino dos licenciados contratados em diversas empresas e a atitude para com eles por parte da direção têm muita coisa em comum.

Em muitas empresas militares, o salário de um recém-licenciado ronda 1000 dólares, superando a média registrada no país. No entanto, depois de trabalhar durante algum tempo, os especialistas jovens se apercebem que alcançaram o máximo salarial. Um aumento radical de vencimentos seria possível se fosse acompanhado da promoção profissional, mas na direção se estabelece um limite de vagas. Em face disso, as questões de aumentos salariais de acordo com o tempo de serviço, a experiência e o volume de tarefas a resolver, regra geral, nem se colocam.

Um nível insuficiente de salários e a ausência de possibilidades de desenvolver a carreira levam a que um engenheiro com alguma experiência, depois de trabalhar 3-5 anos, se despede e passa a trabalhar em uma empresa que nada tem a ver com a especificidade militar, sem poder transmitir a sua experiência às novas gerações. Frequentemente, ele vai trabalhar para o estrangeiro ou colabora em filiais de empresas estrangeiras na Rússia.

Entretanto, no sector de defesa trabalham pessoas de altos rendimentos. São, sobretudo, os gestores, diretores, funcionários de repartições administrativas e comerciais.

Nos últimos anos, surgiu mais um grupo, menos numeroso que o anterior, de especialistas com elevados salários. Trata-se de operários de alta qualificação e dotes excepcionais. Os soldadores, fresadores, torneiros e outros trabalhadores competentes e experientes recebem salários de 3000 dólares e mais.

As causas de tal discriminação dos engenheiros em relação aos operários qualificados e gestores são mais do que evidentes. A ausência de operários faz baixar a oferta, a baixa qualificação dos gestores faz baixar os lucros, enquanto que advogados e contabilistas incompetentes podem deixar em maus lençóis a direção da empresa. Estes são as ameaças patentes que implicam uma reação imediata. E é disso, claro, que se encarrega a equipa de gestão.

Sob este pano de fundo, a acentuada falta de continuidade no trabalho de engenheiros e projetistas não implica perdas imediatas. Os especialistas mais idosos, enquanto vivos, trabalham, moderando e orientando o trabalho de antigos finalistas das escolas superiores. Seja como for, trata-se de uma fonte esgotável, razão pela qual a indústria militar se confronta com uma situação em que o desenvolvimento de novos modelos de equipamentos leva mais tempo devido à falta de projetistas de armas, ou seja, daqueles que inventam novos tipos de armamentos, os desenham e desenvolvem, garantindo assim o emprego tanto para os operários, como para os funcionários administrativos.

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