Durante a sua estadia de quatro dias à Rússia, o ministro indiano recebeu, na cidade de Severodvinsk, grande centro de construção naval no norte da Rússia, o porta-aviões Admiral Gorshkov, hoje Vikramaditya, completamente reequipado por encomenda da Índia. Em Moscou, A.K. Antony e Serguei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia, dirigiram a 13ª reunião da Comissão Intergovernamental Russo-Indiana para a Cooperação Técnico-Militar, onde foram analisadas as áreas da posterior cooperação.
No protocolo final assinalou-se que existe um grande potencial de interação em esferas como as tecnologias de mísseis, da Marinha de Guerra, construção de helicópteros, modernização de equipamentos de tropas terrestres. As partes fizeram um balanço positivo das manobras antiterroristas conjuntas Indra 2013, que tiveram lugar em outubro passado, e acordaram a realização de conversações sobre problemas da segurança global e regional. O ministro da Defesa da Índia assinalou:
“A Índia espera o posterior desenvolvimento da longa e profunda cooperação na esfera técnico-militar. Apreciamos altamente a Rússia enquanto parceiro da cooperação técnico-militar. A Índia pretendeu sempre desenvolver laços multilaterais com a Rússia e a cooperação do nosso país com a Rússia na área da cooperação técnico-militar ocupa, no conjunto das relações bilaterais, um lugar cimeiro. As conversações que se realizaram na Rússia foram muito frutíferas e coroadas de êxito. Elas contribuem para o posterior reforço dos laços entre a Índia e a Rússia em todas as áreas da esfera técnico-militar”.
Desde a era soviética que a Rússia e a Índia prestam grande atenção ao desenvolvimento dos contactos técnico-militares. Foi precisamente nesses anos que a Índia fez grandes encomendas de armamentos à URSS. E, neste momento, 80% dos equipamentos da Marinha indiana são russos, 70% do material da Força Aérea da Índia foi produzido na Rússia e na antiga URSS.
Porém, não surpreende o facto de, ao mesmo tempo que aumenta a sua importância na política e economia mundial, a Índia diversificar os seus interesses, nomeadamente na aquisição de armamento no estrangeiro. Nas últimas décadas, o centro da cooperação foi desviado do modelo vendedor-comprador no sentido da projeção e produção conjuntas de tecnologias de ponta. Por exemplo, realiza-se atualmente o fabrico de um caça de quinta geração, de um caça e de um avião de transporte multifuncionais, a produção por licença de aviões Su-30 MKI e de tanques T-90S, a elaboração de um programa de projeção e produção de complexos de mísseis BrahMos. Estes projetos receberam uma avaliação positiva e o apoio para continuar na reunião da Comissão Russo-Indiana para a Cooperação Técnico-Militar, realizada a 18 de novembro em Moscou.
Em declarações a um dos canais de televisão indianos, Alexander Kadakin, embaixador da Rússia na Índia, defendeu a renúncia aos concursos na esfera da defesa e a passagem para acordos intergovernamentais nesta área. A Índia já realiza semelhantes acordos com os Estados Unidos. Porque não recorrer a essa prática com a Rússia, o principal parceiro da Índia no campo da cooperação técnico-militar?