A Rússia disse nesta segunda-feira que todas as objeções ao envio de um comboio de ajuda humanitária à Ucrânia foram resolvidos, mas afirmou que não houve progresso nas conversas em Berlim em busca de um cessar-fogo entre forças do governo ucraniano e rebeldes no leste do país.
Após as conversações entre Rússia, Alemanha, França e Ucrânia, no domingo, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que "finalmente, foram resolvidas todas as questões… relacionadas com a iniciativa russa de enviar 300 caminhões com ajuda humanitária" para o leste da Ucrânia.
"Tudo foi acertado com a Ucrânia e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha", disse o chanceler em entrevista coletiva em Berlim.
Ucrânia e Rússia têm debatido sobre um comboio de 280 caminhões russos transportando água, alimentos e medicamentos.
Os veículos estão estacionados há dias na Rússia perto da fronteira com a Ucrânia. Kiev suspeita que o comboio possa ser um Cavalo de Tróia para a Rússia entregar armas aos rebeldes — acusação que Moscou classificou como absurda.
Lavrov descreveu a situação no leste da Ucrânia como uma "catástrofe humanitária", e disse que é necessário um cessar-fogo uma vez que civis estão sob bombardeio diante do avanço ucraniano.
"Não estamos em condições de informar sobre resultados positivos em alcançar um cessar-fogo e o início do processo político (para resolver o conflito)", disse ele a jornalistas.
O conflito de quatro meses no leste da Ucrânia atingiu uma fase crítica, com Kiev e governos ocidentais observando com atenção se a Rússia vai utilizar soldados concentrados na fronteira para intervir em apoio aos rebeldes pró-russos, cada vez mais sitiados.
Rússia pode proibir importação de carros
A Rússia pode ampliar as sanções retaliatórias contra países ocidentais e incluir um veto às importações de veículos, entre outros itens, se os Estados Unidos e a União Europeia aplicarem mais sanções contra Moscou, disse o jornal Vedomosti nesta segunda-feira.
Devido ao impasse entre a Rússia e a Ucrânia, nações ocidentais impuseram sanções contra Moscou, incluindo sobre os setores financeiro e energético, e colocaram diversos cidadãos russos ligados ao presidente Vladimir Putin em uma lista de sanções.
As importações corresponderam a 27 por cento das vendas de carros de passeio no primeiro semestre de 2014, enquanto para caminhões as importações representaram 46 por cento, e para os ônibus, 13 por cento, de acordo com o jornal.
A Rússia, que nega as acusações de fornecer armas para os rebeldes separatistas no leste da Ucrânia, pode vetar total ou parcialmente as importações de veículos, segundo o Vedomosti, citando fontes.
O veto não se aplicaria a montadoras estrangeiras que produzem dentro da Rússia, de acordo com o jornal. Volkswagen, Ford Renault, Toyota e Hyundai têm fábricas dentro da Rússia.
Em resposta às sanções ocidentais, a Rússia já aplicou medidas retaliatórias como um veto às importações de produtos agropecuários da União Europa, Estados Unidos, Austrália, Canadá e Noruega.