O governo da Rússia voltou a defender o Irã diante das novas ameaças de ataque militar ao país, provocadas pelo fato de o governo iraniano se recusar a expor à Agência Internacional de Energia Atômica os detalhes do seu programa nuclear. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Alexander Lukashevich, interpretou a avaliação da questão iraniana por parte do governo russo:
"O uso de força militar só pode ser autorizado pelas decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas ou da Carta da ONU e sua Cláusula 51, que preveem o direito à autodefesa”, afirmou Lukashevich. “Nenhuma dessas opções foi discutida no Conselho de Segurança da ONU. É por isso que, mesmo teoricamente, não podemos pensar em tal cenário sendo colocado em prática.”
Alexander Lukashevich foi além nas suas observações: “Resolver o problema nuclear iraniano por meio do uso da força estaria repleto de implicações regionais e globais. O uso da força militar passa por cima das normas do Direito Internacional.”
Para Lukashevich, a ONU já adotou medidas punitivas contra o Irã. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros declara: "A Rússia acredita que as sanções ao Irã por conta do sigilo em torno do seu programa nuclear já surtiram efeito quando as Nações Unidas adotaram em 2010 a Resolução 1.929, que é muito rígida e impõe ao Irã a obrigação de abrir para o mundo a real finalidade do seu programa nuclear.”
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, o recente relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia Atômica sobre o Irã não contém fatos novos. “Temos muitas perguntas com relação às alegações do relatório sobre a natureza militar do programa nuclear iraniano”, comentou Lukashevich. “Gostaríamos também que a própria AIEA esclarecesse as suas conclusões referentes ao programa nuclear iraniano. Nós gostaríamos de conhecer mais dos instrumentos que a AIEA utilizou para verificar a informação relevante. Nós também gostaríamos de ouvir respostas concretas, baseadas em fatos concretos e não em meras alegações."
Apesar de toda a polêmica internacional, o governo do Irã insiste em dizer que não precisa detalhar para o mundo o seu programa nuclear, garantindo que ele tem fins pacíficos e é voltado exclusivamente para a medicina, a agricultura e a produção inteligente de energia elétrica.