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Republiqueta no Cáucaso vive em estado de guerra desde URSS

Solly Boussidan
Direto de Stepanakert

Poucas pessoas escutaram falar do pequeno território de Nagorno-Karabakh encrustado entre a Armênia e o Azerbaijão. Apesar das pequenas dimensões do enclave (cerca de 4,5 mil km², menor do que a região metropolitana da cidade de São Paulo) a disputa pelo território fez com que Armênia e Azerbaijão travassem uma sangrenta guerra na década de 90, que terminou com um cessar fogo mal-resolvido entre as partes – a disputa ainda gera tensões e violações de todos os lados e Azerbaijão e Armênia permanecem em virtual estado de guerra.

O território de Nagorno-Karabakh sempre foi etnicamente armênio, porém foi cedido ao Azerbaijão por Joseph Stalin durante a sovietização da Transcaucásia durante a década de 1920. Os azeris tentaram ao longo de 70 anos colonizar a região e promoveram diversas realocações populacionais, que efetivamente criaram contingentes de azeris originários de Nagorno-Karabakh e armênios étnicos originários do Azerbaijão.

Com a desintegração da União Soviética, as disputas étnicas foram reacesas e massacres perpetrados por ambas as partes. A etnia armênia sonhava com uma reunificação de Nagorno-Karabakh ao restante da República Armênia, mas legalmente o máximo que poderia conseguir em um primeiro estágio seria a declaração de independência do Azerbaijão pós-soviético, o que foi o estopim para a guerra entre o país e o pequeno território apoiado pelo exército armênio.

O cessar-fogo viu o Azerbaijão perder o controle efetivo sobre quase todo o território além de cerca de 15% de territórios não associados a Nagorno-Karabakh. A população azeri de Karabakh tornou-se refugiada e continua não assentada dentro do território do Azerbaijão, em uma tentativa de manter o conflito relevante.

Pouco sobrou da arquitetura azeri Nagorno-Karabakh, destruídos quase totalmente durante a guerra. O que sobrou, foram as construções e antigas igrejas ortodoxas armênias e áreas residenciais em estilo funcional da época soviética. As vilas e cidades onde os azeris viviam foram destruídas e eliminadas em quase sua totalidade para evitar o retorno dos refugiados azeris ao território.

A população local é hospitaleira, mas extremamente desconfiada de estrangeiros, dadas as circunstâncias tensas locais. A população mais velha mantém a religiosidade tradicional vista na armênia, mas os jovens geralmente estão mais preocupados com a política e com a difícil tarefa de viver em um território autônomo sem qualquer reconhecimento internacional e foco de constante tensão regional.

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