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Rebeldes islâmicos negam fome na Somália e mantêm veto à ajuda

Rebeldes islâmicos do grupo Al-Shabab, ligado à Al-Qaeda, negaram nesta sexta-feira a existência de uma crise de fome na Somália, denunciada pela ONU na terça-feira. O porta-voz do grupo, Ali Mohamud Rage, também afirmou que está mantido o veto à entrega de ajuda humanitária internacional às regiões controladas pelo grupo, no sul do país.

O próprio porta-voz havia anunciado no início do mês que as agências humanitárias muçulmanas ou não voltariam a ter permissão para entrar na Somália se não tivessem “segundas intenções”. No entanto, nesta sexta-feira ele voltou atrás. “As agências que banimos continuam banidas. Elas estão envolvidas em atividades políticas”, disse.

Rage afirmou que a ONU fez “propaganda” ao declarar crise de fome nas regiões de Bakool e Baixa Shabelle, ambas no sul da Somália. "Há uma grande seca na Somália, mas não há fome. O que a ONU diz é 100% falso", disse.

A ONU afirmou que por enquanto suas operações humanitárias na Somália continuam. Após as declarações de Rage, a porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da organização, Emilia Casella, afirmou que o Al-Shabab não tem controle uniforme do país. “Não existe um comando único”, disse.

Casella declarou que o PMA aplica seus planos de distribuição de ajuda quando recebe garantias tanto de segurança para seu pessoal, quanto de que os mantimentos chegarão a quem mais necessita. "A situação é desesperadora. Trata-se de uma missão para salvar vidas, portanto somos obrigados a executá-la", afirmou Casella em entrevista coletiva concedida em Genebra.

Crianças

Também nesta sexta-feira, o diretor regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para o leste e o sul da África, Elhadj As Sy, afirmou que o órgão também continua com suas atividades.

"Ainda em situações de acesso limitado, encontramos maneiras de negociar com líderes comunitários e chefes tribais. Por enquanto não temos indicações de que isto tenha mudado", relatou o representante do Unicef.

O Unicef afirmou que 780 mil crianças correm o risco de morrer se não receberem ajuda imediata. “Estamos falando apenas da Somália", afirmou a porta-voz do Unicef em Genebra, Marixie Mercado, que acrescentou que o número total de crianças em situação de "desnutrição severa" na Somália, Quênia e Etiópia é de 2,3 milhões neste momento.

O dado supera o divulgado na terça-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que afirmou que 500 mil crianças enfrentam "um iminente risco de morte" na Somália.

Com BBC, AFP e EFE

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