O grupo proclamou seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, como califa e "líder dos muçulmanos em todo lugar". Ele será chamado de "Califa Ibrahim".
O anúncio foi difundido através de um áudio postado na internet. Nele, os rebeldes exigiram que todos os mulçumanos "jurem lealdade" ao novo governante e "rejeitem a democracia e outros tipos de lixo do Ocidente".
O Estado Islâmico se estenderia de Aleppo, no norte da Síria, até a província de Diyala, no leste do Iraque.
Contraofensiva
Porém os avanços do grupo rebelde continuam sendo disputados pelo exército iraquiano, que no domingo continuou a ofensiva para recuperar a cidade de Tikrit, no norte do país.
Jatos do governo iraquiano atacaram áreas rebeldes e confrontos foram desencadeados em partes de Tikrit, segundo testemunhas.
Segundo testemunhas, a proteção dos rebeldes em torno da cidade foi reforçada por um grande número de explosivos improvisados.
Após encontrar forte resistência no sábado, tropas do governo recuaram para a cidade de Dijla.
"As forças de segurança estão avançando de áreas diferentes", disse o tenente-general iraquiano Qassen Atta a jornalistas.
O Iraque disse no domingo que recebeu a primeira carga de jatos militares pedida à Rússia para ajudar no combate aos rebeldes.
Testemunhas e jornalistas disseram à BBC que o forte confronto nos últimos dois dias causou muitas mortes nos dois lados.
Segundo relatos, os insurgentes teriam derrubado um helicóptero e capiturado o piloto.
Israel
Em resposta às conquistas feitas por insurgentes sunitas no Iraque, o primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu a criação de um Estado curdo independente no Iraque.
Em um discurso em Tel Aviv, ele disse que os curdos "são uma nação de guerreiros", "provaram compromisso político" e "são dignos de independência".
No semana passada, o líder curdo-iraquiano Massoud Barzani disse à rede americana CNN que "chegou a hora de o povo curdo determinar seu futuro".
Correspondentes dizem que os curdos há muito tempos desejam um Estado independente, mas permanecem divididos entre Síria e Turquia, Irã e Iraque.
A comunidade internacional, incluindo a vizinha Turquia e os Estados Unidos, são contra a divisão do Iraque.
O que é um califado? Entenda o anúncio de grupo rebelde*
A palavra "califado" em árabe significa, literalmente, o processo de escolher um líder (o califa) para mulçumanos ao redor do mundo.
O termo também se refere ao sistema de governo que começou após a morte do profeta Mohamed. O último califado foi o Império Otomano, e foi abolido pelo nacionalista e secular líder turco Mustafa Kamal Ataturk em 1924.
O Isis está agora tentando trazer de volta a noção puritana do Islamismo, e se apresentar como líder de todos os mulçumanos.
Essa é uma iniciativa tomada por uma linha extremamente dura do grupo sunita, e não será reconhecida pelo Irã, ou pelos mulçumanos xiitas, assim como pela Arábia Saudita, que se vê como zeladora dos lugares mais sagrados do Islamismo.
Estados e comunidades mulçumanas moderadas também rejeitam esse movimento, e todos os governos da região veem o auto-declarado "Estado Islâmico" como uma ameaça, e perigo de segurança.
O Isis estabeleceu o sistema em partes da Síria e do Iraque, e o maior perigo que o "Estado Islâmico" (IS, na sigla em inglês) apresenta atualmente é aos países vizinhos da Síria e do Iraque, como Líbano, Jordânia, e Arábia Saudita.
O risco para países mulçumanos sunitas é mais interno que externo, caso grupos locais decidam se juntar ao IS e começar a confrontar autoridades e se armar.
O Irã não está sob risco direto por ser uma grande potência militar xiita na região e capaz de deter qualquer ameaça territorial, mas verá a ascensão de um grupo sunita ultramente fundamentalista como o IS como uma ameaça ao seu poder regional e esfera de influência.
O Isis vai querer atrair mais recrutas e expandir ou consolidar seu poder.
O grupo pediu à todos os grupos jihadistas sunitas que jurassem lealdade, e como tal, grupos afiliados à linha dura da Al-Qaeda têm escolhas difíceis para fazer.
Eles tanto podem lutar contra o IS, da mesma forma que grupos como o Jabhat Al Nusra – o afiliado oficial da Al-Qaeda na Síria – tem feito, ou sucumbir ao Isis, ou desafiar e arriscar ser marginalizado em decorrência do sucesso do Isis e se tornar irrelavante.
*Por Mohamed Yehia