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Rebeldes da Síria pedem intervenção armada de ‘países amigos’

Pelo menos 130 civis morreram em oito dias desde a entrada em vigor na Síria de um cessar-fogo violado diariamente, enquanto a oposição armada exigia uma intervenção militar de "países amigos" sem o aval da ONU. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que o governo sírio estabeleça com os observadores da ONU no local uma "total liberdade de movimento" e facilite uma "operação humanitária de grande amplitude" para socorrer a população.

Lembrando sua recomendação de mobilizar 300 observadores para supervisionar o frágil cessar-fogo na Síria, tema que deve ser objeto de uma nova resolução do Conselho de Segurança, Ban considerou que esta decisão não está livre de riscos e pediu "a plena cooperação do governo sírio". Depois de hesitar, Damasco assinou nesta quinta-feira o protocolo viabilizando o trabalho, que estabelece, em particular, a liberdade de movimentação dos observadores mobilizados pela ONU para supervisionar a trégua, condição fundamental para a manutenção de sua missão como parte do plano do emissário internacional Kofi Annan.

Diplomatas preveem que uma resolução autorizando a ampliação progressiva da missão poderá ser adotada no início da próxima semana. O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, anunciou nesta quinta-feira à noite que um projeto de texto será apresentado "muito rapidamente" em Nova York. Mas os rebeldes sírios exigiram uma intervenção militar sem o aval da ONU, acusando Damasco de não respeitar o cessar-fogo. Uma "aliança militar dos países amigos do povo sírio" deve intervir rapidamente "para efetuar ataques cirúrgicos às instalações-chave do regime", declarou o general Mustafa Ahmed al-Sheikh, chefe do Conselho Militar do Exército Sírio Livre (ESL).

Considerando que os esforços internacionais realizados até o momento "não estão à altura" das expectativas do povo sírio, o general disse que o plano do emissário internacional Kofi Annan está "fadado ao fracasso", levando-se em conta a falta de cooperação do regime.

Em Paris, onde recebeu nesta quinta-feira quinze chefes de diplomacia ocidentais e árabes, Juppé acusou Damasco de manter "descaradamente a repressão" considerando que só a oposição síria tinha "cumprido suas obrigações" estabelecidas pelo plano Annan.

"O plano Annan, é garantidor da paz e da liberdade. Seu fracasso, é o caminho para a guerra civil", alertou, mencionando, no entanto, "outras opções" em caso de fracasso.

A secretária de Estado americana Hillary Clinton, que participai da reunião, pediu "medidas mais duras" contra o regime de Bashar al-Assad para obter o respeito ao plano de Kofi Annan, com uma resolução do Conselho de Segurança prevendo sanções e um embargo de armas.

Ela revelou que a Turquia pretende recorrer à Carta da Otan, que prevê a solidariedade entre seus Estados membros, em referência aos bombardeios na fronteira com a Síria.

Enquanto isso, os episódios de violência prosseguiam e sete civis foram mortos pelas forças sírias, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), elevando para 130 o número de civis mortos depois da entrada em vigor oficial da trégua no dia 12 de abril.

Segundo o OSDH, combates são travados entre soldados e rebeldes em diversas regiões, apesar da presença dos observadores da ONU.

Vídeos postados por militantes mostraram o coronel Ahmed Himmiche, chefe da delegação, discutindo com moradores.

"Nossa missão é estabelecer contatos com todas as partes (…). Nosso trabalho agora consiste em conseguir os nomes de militantes com os quais podemos conversar para preparar a chegada da missão de observadores" em caso de votação na ONU, declarou Himmiche nesta quinta à noite à imprensa.

Segundo Ban, citado em um relatório da ONU, os observadores não foram autorizados no momento a ir a Homs (centro), chamada de a "capital da revolução", as autoridades alegam "razões de segurança", enquanto os militantes ainda eram alvo de bombardeios nesta quinta na cidade.

Os militantes acusam o regime de violar diariamente quase todos os seis pontos do plano de paz, mantendo a violência, deixando seus tanques nas cidades e efetuando detenções. Já as autoridades acusam "terroristas" de praticarem ataques mortais.

O plano Annan tem como objetivo por fim à repressão à revolta iniciada há 13 meses e que se militarizou com o passar do tempo. A violência deixou mais de 11.100 mortos, a maioria civis mortos pelas tropas do regime, segundo o OSDH.

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